Nova crónica do nosso editor pelo Médio Oriente, desta feita a partir de Amman (Jordânia), onde regressou oficialmente ao trabalho. Uma pequena reflexão onde percebe que nem todas as cidades precisam de nos tirar o fôlego para nos surpreender. Há cidades que ficam no nosso coração, e há cidades por onde corpo e espírito só passam de soslaio. E está tudo bem assim.
Depois de duas intensas semanas de rodopio, uma no Líbano e outra na Síria, eis que chega a altura de novamente abrandar o ritmo e voltar ao trabalho. Desta vez, numa nova cidade: Amman – a maior e mais importante cidade do Reino Hachemita da Jordânia. É a minha primeira vez no país, e chego sem expectativas.
Agora, os dias serão diferentes: um pequeno passeio matinal para conhecer um qualquer marco histórico, seguido de uma tarde longa de trabalho que se estende pela noite dentro. Passeios mais longínquos e demorados só nas folgas.
Mesmo antes de cá chegar indago: valerá a pena passar um mês neste regime em Amman? Parece que esta é daquelas perguntas a que só saberei responder no final da aventura – lembro-me de pensar.
Entretanto, porém, após apenas 7 dias de estadia, a resposta começa já, afinal, a surgir.
Amman provavelmente nunca será a cidade mais interessante do mundo. Dito isto, tenho que reconhecer que é bastante mais apelativa do que aquilo que aparenta numa primeira impressão.
Habitada desde o oitavo milénio antes de Cristo, entra para a lista das cidades mais antigas continuamente habitadas do mundo, título muito disputado nesta região do globo, onde as ruas que pisamos são tão antigas quanto o tempo.
A capital da Jordânia oferece uma panóplia interessante de ruínas romanas, e espaços de grande interesse histórico. Por aqui passaram civilizações neolíticas avançadas, amonitas (que deram nome à região), persas, gregos, egípcios, nabateus… A lista continua.
A cidade sofreu com a destruição massiva, fruto de catástrofes naturais como terramotos, mas voltou a ser um importante ponto de referência no mapa quando no séc. XIX os otomanos construíram a famosa Linha Ferroviária do Hejaz, que ligava Damascos a Medina, e colocou Amman novamente no mapa comercial.
Amman não é, certamente, uma cidade sem passado, sem História e sem mérito. 7 dias foram suficientes para comprovar que, de facto, por vezes é precisamente de cidades “assim-assim” que precisamos para uma temporada amena – sem o caos geopolítico do Líbano e sem a intensidade emocional da Síria. Um pouco de sossego para a alma. Diminui-se a intensidade e o ritmo da descoberta – coisa que nem sempre é negativa – especialmente quando ambos o corpo e o espírito pedem descanso depois do périplo anterior.
Amman provavelmente nunca será a cidade mais bonita do mundo.
Apesar de ser uma região habitada há milhares de anos, a Amman que hoje vemos é bem recente. Nalguns locais específicos é possível contemplar ruínas e resquícios de outras civilizações que surgem como uma lufada de aventura e ar fresco, mas no seu cômputo geral, Amman é moderna. A falta de um centro histórico (a chamada Old Town), por onde tanto gosto de me aventurar, tira-me algum entusiasmo perante a capital, mas rapidamente recupero o fôlego ao perceber que a zona dos mercados e souqs tradicionais lhe dá outras camadas de exotismo… pelo menos para mim, para quem as bancas repletas de chás e especiarias, assim como o caos das idas e vindas pelos estreitos corredores sinuosos do mercado, são sinónimo de rotas comerciais longínquas e suficientes para alimentar e gentilmente despertar a sensação de wanderlust.
Da janela do quarto vejo que toda a cidade está vestida em tons de bege, as construções são todas muito semelhantes, mas o posicionamento caótico das casas ao longo das colinas pinta o horizonte de altos e baixos a ondular à distância, como se a cidade tivesse movimento, ainda que estática.
Os dias vão passando, e começo a achar que, se calhar, afinal de contas a beleza está nos olhos de quem vê.
Amman nunca será a cidade mais barata ou acessível do mundo.
Poucos dias depois de chegar, faço uma paragem abrupta para café num qualquer estabelecimento da pinta, perto da zona mais moderna da capital. O espaço é pequeno, mas tem excelente wifi, logo ao entrar vejo os preços e produtos descritos em inglês, a decoração europeia minimalista, brownies na montra, e dois baristas com um inglês exímio – claramente não estou num espaço dedicado a locais. 3 euros por um expresso. Não resisto, há limites para a quantidade de cafés turcos/árabes que consigo tomar e fingir que são tão bons como o nosso. O jovem que me atende pergunta quanto tempo passarei aqui, de onde sou, questiona a minha opinião sobre os preços da cidade. “A cidade é cara, mesmo para standards europeus, não achas?” – questiona-me.
Sim, a cidade é de facto dispendiosa. Não há transporte públicos, pelo que dependo dos táxis e dos Uber para me deslocar, e todos os restaurantes mais ocidentalizados são demasiado caros.
Mas depois recordo-me que Amman é feita de extremos. Tanto encontro um simples expresso a 3 euros, como posso comer uma refeição inteira no famoso Hashem praticamente pelo mesmo preço – com direito a pão, bebida, falafel, húmus, foul e tudo o que mais houver.
Tanto posso fazer as compras no Carrefour mais completo que já visitei, num moderno centro comercial decorado a rigor para o Natal, como posso regatear e negociar os preços nas bancas de comércio tradicional – há opções para todos os gostos. Quem sabe seja esse o segredo de uma boa cidade para se passar 1 mês – uma cidade onde tenhas opção, onde te seja possível escolher se hoje é dia de café turco a 70 cêntimos, um chá gratuito de oferta na compra de um bolo típico, ou um cremoso e intenso expresso de 3 euros na zona mais hip da capital.
À primeira vista, Amman surge-me como uma cidade que não é muito nada – não é certamente a cidade mais bonita do mundo, e com certeza não tem lugar entre as 10 cidades mais interessantes do globo. O que vim a descobrir mais tarde, porém, é que nem sempre uma cidade precisa de ser a mais qualquer coisa para permitir uma experiência carregada de valor.
Esta cidade assim-assim, até ver, enche-me as medidas.
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