Baalbek, Líbano – Não, as melhores ruínas romanas do mundo não estão em Roma 🇱🇧🏛️

  • 09.12.2022 16:10
  • Bruno A.

Segunda crónica desta viagem do nosso editor pelo Médio Oriente. Desta feita, o caminho levou-o à cidade Libanesa de Baalbek e, por entre os postos militares do Hezbollah e as plantações de haxixe do Vale de Beqaa, conseguiu finalmente visitar as melhores ruínas romanas do mundo.

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Pode até parecer um contrassenso, mas dada a extensão absolutamente gigantesca do território anteriormente ocupado pelo Império Romano, podes encontrar vestígios da sua presença um pouco por toda a bacia do Mediterrâneo. E se é verdade que outras localizações no Médio Oriente e Norte de África já começam a ganhar tracção face às suas congéneres europeias, a realidade é que existem poucos países com uma herança histórica tão grande quanto a pequena nação libanesa, com destaque para Byblos e Tyre (retratadas abaixo).

Contudo, a joia da coroa do turismo Libanês são as ruínas da Baalbek, um dos complexos históricos mais impressionantes do mundo inteiro.

Vale de Beqaa – Plantações de haxixe e milícias do Hezbollah

Uns dias antes de visitar Baalbek, tive a oportunidade de conhecer o João Sousa, um fotojornalista português radicado no Líbano há 3 anos.

Após trocarmos algumas impressões sobre o país e a sua história (e por “trocarmos impressões”, entenda-se: ele a falar e eu a absorver), o João aconselhou-me a visitar Baalbek, um dos únicos locais absolutamente imperdível no país. No entanto, ressalvou também que, embora seguro, seria inteligente da minha parte não me afastar em demasia da zona das ruínas.

Acontece que Baalbek fica situada no Vale de Beqaa, a zona mais sensível do país. Para além de ficar bem junto à fronteira Síria, já de si frágil, o vale é também conhecido por albergar gigantescas áreas de produção de haxixe, sendo também um local próspero no que toca à distribuição e tráfico de outras substâncias e objectos menos aconselháveis.

Como cereja no topo do bolo, o Vale de Beqaa é também o principal reduto controlado pelo Hezbollah, uma conhecida organização política e paramilitar que defende os interesses xiitas no país. Como tal, um pouco por todo o vale é possível encontrar vários checkpoints controlados por militares da organização, e através dos quais não se pode passar sem supervisão.

Contudo, e apesar de parecer inusitado, isto é na realidade algo que fortalece a segurança dos turistas. Apesar de algumas das suas posições e acções demonstrarem um carácter extremista, o Hezbollah continua a ser uma força política que quer ser vista como séria e legítima. Garantir a segurança de estrangeiros dentro dos seus territórios ajuda a garantir e reforçar essa legitimidade.

Do mar à montanha – A viagem até Baalbek

Apesar de apenas 100 km separarem Beirute de Baalbek, a viagem não é infelizmente tão rápida ou simples quanto poderia parecer. Para lá do trânsito e dos postos militares, a travessia obriga todos os viajantes a fazerem transbordo em Chtoura, uma das principais cidades do Vale de Beqaa.

Tal como em todo o restante Líbano, o transporte colectivo é assegurado por um conjunto (des)organizado de vans. Em Beirute, a regra é simples: se vires uma van preta ou branca a passar, acena-lhe e pergunta se vai para onde queres chegar. Se acenarem afirmativamente, é só entrar.

No caso dos transportes entre diferentes cidades, estas vans de 9 a 12 lugares podem sair de dois sítios diferentes. Se pretendes ir para norte, da Rotunda de Dawra. Se queres ir para Sul ou Este (no caso de Baalbek), da Cola Intersection.

Chegado à intersecção, cumpre-se a dança habitual. Todos me gritam em árabe, antes de perceberem que sou estrangeiro e perguntarem para onde quero ir, encaminhando-me depois para a van certa. A que horas sai? Qual o horário? Isso são perguntas que não cabem no léxico Libanês. Cada van parte quando todos (ou quase todos) os lugares estiverem preenchidos.

Começamos depois o caminho rumo ao vale, numa subida vertiginosa de mais de 1000 metros em apenas 1 hora, e que começa na costa de Beirute antes de terminar acima da neblina que cobre a capital.

Apesar da distância ser curta, a viagem para Baalbek pode demorar um total de 3 a 4 horas, dependendo do tempo que o transbordo em Chtoura demore (onde é necessário aguardar novamente que a van encha). Apesar da inflação galopante que deixou milhares de libaneses na miséria, os transportes são baratos para quem tenha trazido dólares frescos e convertido no mercado negro. Só pela ida, o trajecto Beirute-Chtoura-Baalbek ficou por cerca de 4,50€.

Os Templos Romanos de Baalbek

Chegado ao destino, é impossível não ficar totalmente abismado com a dimensão dos templos.

Ao mesmo tempo, é igualmente impressionável a quantidade mínima de turistas que visitam este sítio. Se fosse possível pegar nestas exactas ruínas e despejá-las num qualquer descampado de Itália, França ou Croácia, garanto-vos que seriam visitadas por milhares de turistas diariamente. Ah, e facilmente o bilhete custaria 4 vezes mais (para referência, a admissão ficou por cerca de 7,50€).

Estima-se que esta era já uma zona utilizada pelos fenícios para adoração das suas divindades há cerca de 11.000 anos! No entanto, como mais tarde a cidade viria a ser controlada por romanos, gregos e otomanos (entre outros impérios islâmicos), cada um deixando a sua marca, ninguém consegue garantir com exactidão quando é que estes templos foram construídos. É um dos grandes mistérios da Humanidade.

A parte paga está principalmente dividida em 2 templos diferentes: o Templo de Júpiter e o Templo de Baco. O primeiro é o maior templo romano alguma vez construído, embora apenas restem cerca de meia dúzia das 54 colunas que originalmente dele faziam parte. Ainda assim, a dimensão gigantesca daquelas simples colunas, cada uma com mais de 20 metros de altura, é suficiente para impactar até o mais experiente dos viajantes.

E depois, temos o Templo de Baco. Se há imagem emblemática do turismo Libanês, é este edifício. Aliás, desafio-te a pesquisar o que quer que seja sobre turismo no Líbano em qualquer motor de busca e de certeza que será uma foto deste templo a aparecer nos resultados. E nem poderia ser de outra maneira, ou não fosse esta umas das ruínas romanas mais bem preservadas em todo o planeta.

As horas passam e chega a hora de regressar a Beirute antes que o sol se ponha. Despeço-me de Baalbek com um sentimento agridoce. Por um lado, há algo de bastante especial em ter um local destes praticamente só para mim e mais outro punhado de turistas. Uma espécie de orgulho estúpido “à la hipster” em ter descoberto este sítio antes das massas.

Mas depois a van volta a parar em Chtoura e dezenas de crianças cercam o veículo enquanto tentam vender águas, meias ou pastilhas elásticas. O orgulho dá lugar à vergonha e obriga-me a escrever este artigo. Que falta fazem os dólares do turismo a este país.

Venham ao Líbano. O país bem precisa, e Baalbek bem merece.

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