Quioto prepara-se para aumentar as taxas turísticas para até 62€ por noite 🇯🇵💸

Numa tentativa de último recurso para lidar com os efeitos do excesso de turismo, a histórica cidade japonesa de Quioto vai introduzir um aumento no imposto de alojamento que poderá atingir proporções épicas! Com data de implementação limite planeada para a Primavera de 2026, este imposto poderá chegar a uns impressionantes €62 (¥10.000) por pessoa por noite – um aumento significativo face ao limite máximo actual de €6,20 (¥1000).

No entanto, e antes de entrares em pânico e começares já a ver a melhor forma de conseguir encaixar o Japão no teu calendário de 2025, convém esclarecer que estas taxas variarão de acordo com o preço do alojamento:

• €1,24 (¥200) para estadias até €37,27 (¥5999) por noite;
• €2,48 (¥400) para estadias entre €37,28 (¥6000) e €124,27 (¥19.999) por noite;
• €6,20 (¥1000) para estadias entre €124,28 (¥20.000) e €310,71 (¥49.999) por noite;
• €24,86 (¥4000) para estadias entre €310,72 (¥50.000) e €621,42 (¥99.999) por noite;
• €62,14 (¥10.000) para estadias a partir de €621,43 (¥100.000) por noite.

De resto, a cidade já havia introduzido um sistema de imposto de alojamento por escalões no ano de 2018, o que significa que estes impostos já são pagos há 7 anos. A grande diferença é que os 3 escalões actuais passarão a 5, com uma taxa substancial para as camadas superiores. Assim, para atestarmos o verdadeiro aumento da verba, é importante pegar num exemplo prático.

Sob o regime actual, um quarto que custe €100 por noite (sensivelmente ¥16.000) paga uma taxa de €1,24 por pessoa, por noite. Já com as novas alterações a implementar, as taxas para um quarto do mesmo valor duplicam para €2,48 (¥400) por pessoa, por noite. O maior choque está reservado para os hotéis de luxo, uma vez que a taxa máxima anterior estava fixada em €6,20 (¥1000), passando agora aos tais inacreditáveis €62,14 (¥10.000) por pessoa, por noite – aumento de 10x!

Com esta nova medida, estima-se que seja gerada uma receita fiscal anual superior a 10 mil milhões de ienes (mais de 60 milhões de euros), praticamente o dobro do montante arrecadado em 2023. O presidente da câmara, Koji Matsui, afirmou que o aumento da receita ajudará a equilibrar a balança entre a contribuição do turismo para a economia local e a qualidade de vida dos residentes, que há muito têm vindo a expressar a sua preocupação com a sobrelotação de algumas vias públicas e o rápido desgaste da infraestrutura. Do outro lado da barricada, os detractores da medida são bastante mais cépticos, alegando que o aumento de impostos levará a que muitos turistas montem base em cidades vizinhas (como Osaka ou Nara), passando apenas a visitar Quioto em day trip.

De resto, os desafios do “overtourism” (excesso de turismo) no Japão estão longe de ser um exclusivo de Quioto. Impulsionado pela enorme desvalorização do Iene e pela gigantesca sede de viagem do pós-pandemia, o turismo no Japão já excedeu os níveis de 2019 (pré-covid), intensificando assim os problemas relacionados com o fenómeno nos destinos mais populares do país.

No total, onze municípios – incluindo Tóquio e Osaka – já introduziram ou aumentaram os seus impostos sobre o alojamento, para além de uma série de outras medidas (umas mais inusitadas que outras) para responder a determinados comportamentos de turistas mais desordeiros.

Quanto a Quioto, resta saber que efeito na procura surtirá este aumento repentino. Por agora, as projecções são positivas, já que um estudo recente revelou que 60% dos turistas estrangeiros inquiridos afirmaram estar dispostos a pagar taxas mais altas para reduzir a sobrelotação das cidades nipónicas e ajudar a preservar os recursos locais.