A Europa estava à espera dos turistas mais gastadores do mundo. Mas, por agora, ficaram em casa 💸

Em 2019, antes da pandemia, os viajantes Chineses constituíam cerca de 10% de todos os turistas não-europeus de visita ao Velho Continente. No entanto, e mais do que o seu número, estes visitantes destacavam-se acima de tudo pelo volume de gastos, que, de acordo com a Reuters, chegava em média aos 3000€ por pessoa. Posto isto, e assim que o governo chinês levantou as restrições de mobilidade e os seus cidadãos passaram a poder viajar para o estrangeiro, todos os agentes do sector turístico europeu passaram a ver com bons olhos o rápido regresso do “turista Chinês”. No entanto, isso não aconteceu!

“Há ainda um longo caminho a percorrer antes de podermos falar numa recuperação total”, disse Olivier Ponti, da empresa de análise estatística ForwardKeys. Os números recolhidos pela companhia mostram que o número de ligações aéreas entre China e Europa entre Março e Agosto perfaziam ainda uns meros 32% de todas as ligações verificadas durante os mesmos meses no pré-pandemia. Esta é uma queda significativa, especialmente se considerarmos que o número de turistas Chineses de visita à Europa aumentou 350% entre 2009 e 2019.

No entanto, existem várias razões que ajudam a explicar a relutância do mercado chinês em regressar rapidamente à Europa. A Reuters lista as longas filas de espera na emissão de passaportes, o valor bastante alto dos bilhetes de avião devido à redução da oferta (as viagens estão 80% mais caras em comparação com 2019) e a cautela generalizada entre a população Chinesa como os principais motivos deste adiamento da normalidade. Isso é demonstrado pelo próprio comportamento turístico da população, que optou por se manter relativamente perto de casa após a abertura de fronteiras, viajando para destinos mais próximos e familiares como Hong Kong, Macau ou Tailândia.

“O custo é definitivamente um factor decisivo. Muitas companhias aéreas ainda não retomaram as suas ligações no pós-pandemia, fazendo com que chegar à Europa seja uma tarefa bem mais difícil. Mas é claro que temos a intenção de voltar a viajar para fora da China” – disse Stephanie Lin, uma cidadã de Xangai, à Reuters. Por outro lado, as próprias empresas europeias estão a fazer o seu melhor para atrair o mercado do Império do Meio, através da utilização de plataformas de comunicação Chinesas (como o WeChat), da introdução de meios de pagamentos largamente populares na China e da criação de campanhas publicitárias específicas.

Irão os turistas Chineses ser substituídos… pelos Americanos?

Dados preliminares da Reuters parecem indicar que, pelo menos parcialmente, os turistas Chineses têm vindo a ser substituídos pelos Norte-Americanos. Este mercado está a regressar em força à Europa após o “intervalo” da pandemia, com algumas das rotas transatlânticas com destino a Londres e Paris a ultrapassar inclusive os níveis de procura de 2019. No entanto, é importante ter em conta que a este incremento não é alheia a valorização do dólar de 2022, garantindo ao público Norte-Americano um poder de compra substancialmente maior em solo europeu.