Tudo que precisas de saber sobre astroturismo 🔭🌌☄️

  • 02.06.2023 18:30
  • Paulo
Nightsky

Andas sempre com a cabeça na Lua? Então este guia sobre turismo astronómico é para ti! Fica a saber onde encontrar os céus mais estrelados e a conhecer melhor os termos astronómicos a que estamos habituados.

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O que é o astroturismo ou turismo astronómico?

Há milénios que a humanidade olha para o céu noturno com curiosidade e deslumbre. Povos como os maias ou os gregos antigos calculavam com incrível precisão a órbitra dos astros e a ocorrência de fenómenos como os eclipses. Destes cálculos dependiam algumas das principais atividades humanas, das colheitas às cerimónias religiosas.

Com a modernidade veio a iluminação pública, que fez do céu noturno nas cidades bem menos interessante. Mas a curiosidade sobre o espaço continuou grande. Quer na forma de documentários, como o Cosmos, ou em filmes e séries como a Guerra das Estrelas ou Star Trek, a vastidão do universo continuou a cativar as audiências.

E é também por isso que tem crescido a popularidade do turismo astronómico. Não, ainda não estamos a falar de tours à lua e a marte. Para já continuamos com os pés na terra, mas partimos à descoberta dos melhores sítios para observar os astros.

Fugindo à luz da cidade

Sem precisares de telescópio ou outro qualquer instrumento é possível ver um sem-número de astros no céu, bastando para isso procurar uma zona longe das cidades, onde a iluminação pública não se sobreponha à luz da estrelas

Numa qualquer noite de céu limpo, são cerca de 6.000 as estrelas que podes avistar se te afastares o suficiente da poluição luminosa. A estas juntam-se vários planetas, incluindo Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno e até objetos humanos como a estação espacial internacional ou o telescópio especial Hubble.

E não é preciso ir longe para obter as condições ideais para observar o céu. Portugal conta com três destinos Starlight, uma certificação dada a lugares que preenchem critérios mínimos de escuridão e em que mais de metade das noites não apresentam nuvens.

Com uma média de 286 noites por ano sem nuvens, a zona do Alqueva foi o primeiro destino no mundo a obter esta certificação. A esta juntou-se o Dark Sky Vale do Tua e o Dark Sky Aldeias do Xisto.

Espanha conta com muitos mais destinos Starlight. Foi justamente em La Palma, Canárias, que se assinou a Declaração para Defesa do Céu Noturno. Podes consultar aqui um mapa com todos os destinos que receberam esta certificação. Estes incluem as Ilhas Cíes, para as quais podes ler o nosso guia.

Tens ainda a opção de criares o teu próprio destino. Com este mapa podes ver exatamente onde é que a poluição é mais ou menos intensa

Torna-te um especialista

Agora que encontraste o teu ponto de observação, tempo de ficar a conhecer um pouco melhor aquilo que estás a ver.

Talvez já conheças a estrela polar – a estrela que, por estar alinhada com o eixo de rotação da Terra, aparenta estar fixa no céu. Uma boa indicação de que estás num bom sítio para observar o céu noturno é quando vês a Via Látea, uma faixa esbranquiçada que atravessa a abóbada.

Estes são apenas dois dos milhares de objetos espaciais que podes ver num céu noturno sem poluição luminosa. Se quiseres tornar-te o Carl Sagan ou o Neil deGrasse Tyson do teu grupo, podes começar por fazer download de uma das apps que te permitem identificar os astros.

Descarrega a Skyview Lite (Android | Apple) ou a Night Sky (só disponível para Apple) nunca vais perder de vista a Ursa Maior ou a Cassiopeia.

Para quem prefere a versão analógica, existem os mapas do céu noturno (11,71€). Bastante intuitivos, só tens mesmo de rodar o círculo de cartão até que este se alinhe com a época do ano em que nos encontramos.

Para além do guia das estrelas, há outros itens que podem ser úteis para uma noite a admirar o céu. Antes de mais, queres estar confortável, por isso, se passar a noite deitado numa toalha de praia não é para ti, considera trazer contigo uma cadeira portátil de campismo (30,49€).

Agora que já te recostaste, os teus olhos vão lentamente habituar-se à escuridão e vais conseguir distinguir cada vez mais astros. Para não te encadeares sempre que vais à mochila procurar snacks, leva contigo uma lanterna de luz vermelha (11,78€).

Se quiseres ir mais além do que a vista alcança, podes investir num par de binóculos, bem mais fácil de transportar e arrumar do que um telescópio. Um par de binóculos 7×50 (50,73€) já te permite ver coisas como as crateras da lua sem necessitares de tripé.

Podes sempre também dar uma vista de olhos na nossa lista de essenciais para a tua próxima viagem.

Uma alternativa: os planetários

Existe sempre uma alternativa para quem quer contemplar o universo sem sair da cidade. Desde os tempos da corrida espacial é possível encontrar um planetário em qualquer cidade grande. Em Lisboa, podes encontrar o Planetário de Marinha. Mais a norte, há também um planetário no Porto.

Os planetários são normalmente reconhecíveis pela sua arquitetura futurista, sempre com uma cúpula como peça central. É dentro desta cúpula que se projetam as imagens dos astros que encantam tanto miúdos como graúdos. De facto, cada planetário costuma ter uma programação que inclui shows mais adequados a crianças e outros mais voltados para os adultos.

A nível mundial, destacam-se o planetário de Buenos Aires, com o seu ar de disco voador, ou o planetário Hayden, parte do Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque. Mais perto de Portugal, o L’Hemisfèric de Valência atraí os visitantes tanto pelas suas projeções como pela sua arquitetura inusitada.

À caça de eventos astronómicos

Todas as noites são diferentes. Afinal, consoante a Terra vai girando em volta do Sol, certas constelações são reveladas e outras despedem-se. O mesmo acontece quando viajas. Por exemplo, quando mudas de hemisfério, mudam também as constelações no céu.

Para além disso, existem fenómenos astronómicos que podem apenas ser vistos em certas zonas do globo ou em certas ocasiões. Fica a conhecer mais sobre alguns destes fenómenos:

As auroras boreais e austrais

Este é um dos fenómenos astronómicos que mais encanta a imaginação popular. Mais perto dos polos, em certas noites, é possível ver um manto de luzes, que vão do verde ao vermelho, e, por vezes, incluem também o azul e o roxo.

Os ventos solares, em interação com o campo magnético da Terra, são responsáveis por este espetáculo natural. Normalmente fala-se mais da aurora boreal, aquela que se pode ver nas regiões em volta do polo norte, já que esta zona é bem mais habitada do que as regiões em volta do polo sul, de onde se pode ver a aurora austral.

Fica já agora a saber que as auroras têm vindo a acontecer com mais frequência. Uma vez que estas dependem da atividade solar, e que esta atividade aumenta e diminui em ciclos de 11 anos, é normal que existam períodos com mais e menos auroras.

As boas notícias para quem quer observar este fenómeno é que estamos precisamente num ciclo de atividade solar mais intensa, cujo o pico se prevê para 2024-25. Aqui no De Férias já preparamos para ti uma lista dos melhores sítios para ver este espetáculo natural.  

Chuvas de estrelas

Estrelas cadentes

Não, não falamos do programa de talentos dos anos 90. Chuva de estrelas é o nome popular para a entrada de múltiplos meteoros na atmosfera terrestre. Em linguagem comum, são noites em que se pode avistar centenas de estrelas cadentes.

Alguns destes eventos são regulares, acontecendo por volta da mesma altura do ano. Estes resultam do cruzamento entre a trajetória da terra em volta do sol e a órbita de um cometa. São os detritos que seguem esse cometa que se vão transformar na chuva de meteoros.

O mais conhecido destes eventos é chamado de Perseidas. Normalmente, o pico deste evento, em que a terra se cruza com o cometa 109P/Swift-Tuttle, acontece por volta de 12 e 13 de Agosto.

Para além de Perseidas há ainda Leónidas (13 a 18 de Novembro), Eta Aquáridas (21 de Abril a 12 de Maio), Oriónidas (15 a 29 de Outubro) e Gemínidas (6 a 18 de Dezembro).

Os eclipses

eclipsetotal

Alguns se lembrarão do eclipse de 11 de Agosto de 1999. Em Portugal, a lua cobriu cerca de 70% do sol, e o país passou a manhã a olhar para o céu, com os óculos especiais que hoje ainda se devem encontrar no fundo de muitas gavetas.

Apesar da mística que existe em volta destes eventos, eclipses não são um fenómeno raro, principalmente quando se fala tanto de eclipses lunares e solares.

Mas há vários tipos de eclipse, e aquele que mais desperta a imaginação, desde os tempos antigos, é o eclipse solar total – isto é, quando a lua tapa completamente o sol, fazendo do dia noite. Este sim é um fenómeno que acontece poucas vezes

Aponta já esta data: 12 de Agosto de 2026. Este é o próximo eclipse solar total que vai poder ser visto de Portugal.

As luas especiais

superlua

Para além da lua cheia, nova, quarto minguante e crescente, há outros nomes para a forma como a lua se apresenta no nosso céu. Um fenómeno que costuma atrair bastante atenção, até porque é difícil não reparar, mesmo na cidade, é a super-lua.

Uma super-lua é o nome popular para o momento em que a lua está cheia e se encontra ao mesmo tempo perto do seu perigeu, isto é, do ponto mais próximo com a terra. Nestas alturas, a lua apresenta-se no céu noturno maior e mais brilhante do que estamos acostumados.

Outro termo que volta e meia ouvimos falar é a lua de sangue. Este é também um nome popular, desta vez para o eclipse total da lua. Estes eclipses ocorrem quando a terra interceta a luz do sol que reflete na lua.

Durante estes eclipses, a única luz solar que incide na lua é aquela que reflete na atmosfera da terra. Esta refração é responsável pela cor avermelhada, ou de sangue, que ilumina a lua nestas noites.

 

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