Yerevan, Arménia – Voltem sempre onde foram felizes 🇦🇲

  • 25.04.2023 22:00
  • Bruno A.

Deixando o Irão para trás, o nosso editor regressa à região do Cáucaso, por onde já tinha andado em 2021. Chegado a Yerevan, capital da Arménia, é impossível não reparar nas muitas mudanças forçadas a que a cidade foi sujeita nos últimos 2 anos. Mas mesmo por entre todas as novidades, é ainda perfeitamente possível encontrar a sua verdadeira essência.

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“Nunca voltes a um lugar onde foste feliz”.

Longe de mim contradizer um génio, mas discordo de Agatha Christie. Pelo menos no que a viagens diz respeito, devemos sempre regressar a locais onde fomos felizes. Desde que entendamos que a percepção que temos de uma cidade deve ser tão mutável quanto a sua realidade, acredito que o benefício de reviver sítios, pessoas, refeições e memórias, acaba sempre por compensar o risco de cairmos no saudosismo, no triste pensamento e consciencialização de que as coisas já não são o que eram.

Vem isto a propósito da minha chegada à Arménia. Antes de mais, convém clarificar que este está longe de ser o meu primeiro rodeo. Do extenso rol de mudanças e consequências trazidas pela pandemia, um dos poucos aspectos positivos prende-se com a maior democratização do trabalho remoto. É certo que não tanto em Portugal quanto noutros lugares, mas, ainda assim, é possível ver mudanças. Isto para dizer que, desde Janeiro de 2021, tenho sempre tido a sorte de encontrar empregos remotos e passar longas temporadas na estrada. Acontece que um desses períodos teve precisamente como base a fabulosa e subestimada região do Cáucaso, tendo passado 3 meses por estas bandas entre Agosto e Novembro de 2021. Desses prósperos 90 dias, 30 foram precisamente passados na Arménia, tendo montado base na capita de Yerevan.

Quase 2 anos volvidos, e de saída do vizinho Irão por terra, tornou-se impossível ignorar o chamamento do regresso. Desta feita seria apenas por 1 semana, mas que nem por 1 dia fosse, valeria sempre a pena voltar a colocar o pé na “Pink City”.

Yerevan está diferente…

Escusado será dizer, a cidade está bastante diferente. Melhor? Pior? É impossível dizer. Está mais cosmopolita e dinâmica, é certo, com mais bares, restaurantes e pessoas. Por outro lado, está substancialmente mais cara. Apenas como ponto de referência, paguei por um apartamento em pleno centro de Yerevan para 1 semana cerca de 75% do valor que havia pago por 1 mês inteiro em Agosto de 2021. O motivo, olhando para o mapa, para a história da região e para os acontecimentos recentes, é fácil de perceber. Sem me alongar demasiado no tema, que cobrirei a seu tempo numa futura crónica também acerca do meu regresso a Tbilisi (de onde este vosso querido vos escreve), Yerevan recebeu centenas de milhares de russos, fugidos do país para escapar às sanções económicas e ao alistamento militar. Compreensivelmente, a chegada de uma massa tão grande de gente, muitos deles com empregos remotos e um maior poder de compra, trouxe consequências visíveis à cidade, que vão bem para lá do encarecimento do custo de vida.

Uma das maiores percepções que haviam ficado da minha primeira visita à Arménia era de que este era um dos países etnicamente mais homogéneos que alguma vez visitara. Cabelos negros, olhos castanhos, tez de oliva. Uma verdadeira nação de Kardashians pré-cirurgia plástica. Isso mudou. O último ano trouxe muita gente loira e de olhos azuis, mas também muitos cidadãos russos com outro background. Os olhos rasgados de um Uzbeque, as maçãs do rosto salientes de um Cazaque, o maxilar quadrado de um Checheno.

A meio do processo de um tão grande ajuste, a própria língua “de facto” de Yerevan parece ter mudado. Onde dantes apenas se ouvia Arménio, escuta-se agora, acima de tudo o resto, Russo. Não em sincronia, mas em substituição. Esta terá sido, porventura, a mudança social mais saliente. Começo a notar as alterações em conversas paralelas, nas artérias comerciais e mesas de café. Reconheço o “zdrastvuyte”, o “nyet” e o “do svidaniya”. O obrigado Russo (“spasiba”) a sobrepor-se ao Arménio (“Shnorhakalutyun”, a única palavra que conheço na língua).

As suspeitas confirmam-se de cada vez que entro em qualquer loja/restaurante ou sou abordado na rua. Em todas estas interacções, sou imediatamente interpelado em Russo. Curiosamente, é possível agora encontrar muitos russos a servir às mesas ou a trabalhar ao balcão e atendimento ao público e, claro, sempre em russo. Heranças do tempo da União Soviética, em que era a língua que unia a comunicação em todas as 15 Repúblicas.

… Mas ainda é o que era!

Preços mais caros, imigração em massa de uma nação que invadiu outra, adopção informal da língua do antigo “colonizador”. Terá valido a pena voltar a um lugar onde fui feliz?

Como referi no início, nenhuma cidade é estanque. Yerevan mudou muito num curto espaço de tempo, e tem neste momento enormes dores de crescimento. Mas, no seu âmago, a capital Arménia continua a ser a mesma que conheci e pela qual me enamorei. As fachadas típicas rosa, cor natural da pedra extraída nos arredores da cidade, continuam a brilhar intensamente sob o brilho do sol. O pico coberto de neve do Monte Ararat, principal símbolo do país, continua a espreitar no horizonte em dias de céu limpo. E até os pulpulaks, bebedouros públicos encontrados a cada quarteirão, continuam a receber filas de locais.

Tudo parece diferente, mas, na sua essência, pouco (ainda) mudou. Entro no café que costumava frequentar durante a minha primeira visita e cruzo o olhar com a dona. Quase 2 anos depois, abre os olhos de espanto e solta um sorriso rasgado, abraçando-me enquanto pergunta se, desta vez, regressei de vez. Ainda não foi desta, mas continuarei a cá vir, sempre que possível.

Que bom é voltar onde fomos felizes.

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