Após 30 dias a viajar pelo Vietname com um bebé de apenas 8 meses, conciliando viagem, rotina e trabalho, estas são das melhores lições que o nosso editor retirou para quem queira fazer uma viagem longa (em tempo, ou distância) com crianças tão pequenas.
Viajar com bebés (ou crianças pequenas) é um receio extremamente comum para a maioria dos pais. Até eu, que conto com alguma experiência na estrada, confesso que estava bastante receoso em trazer o meu filho de apenas 8 meses para uma viagem de 3 meses e meio por Vietname e China. Entre as naturais preocupações com a rotina do sono e a introdução alimentar, às mais supérfluas questões relacionadas com o roteiro e os transportes, é inevitável indagar se todo o esforço logístico, financeiro e de tempo merecem a pena.
Será que me vou divertir e ver aquilo que quero? Será que vou conseguir desfrutar sem que esteja constantemente preocupado com a saúde do pequenino? De uma forma simplista, a resposta é um rotundo SIM. Para aqueles que gostam de viajar, não há nada melhor que poder partilhar esta paixão – independentemente de eles se virem a lembrar ou não – com seres que são autênticas telas em branco. Afinal, a vida para eles já é uma viagem. Tudo é novidade, tudo é uma aprendizagem, nada é familiar. Por isso, porque não deverão os pais permitir-se a experienciar algo semelhante em família?
Evidentemente, não basta marcar os voos/alojamentos e embarcar no avião, já que uma criança tão pequena implica sempre cuidados e procedimentos muito próprios a que provavelmente não estarás acostumado em viagem. Bom, é precisamente no sentido de te ajudar a prever e colmatar essas lacunas que escrevo este artigo com 10 lições que aprendi a viajar com um bebé pelo Vietname durante um mês.
Na verdade, este ponto é válido para todos os aspectos da viagem em que tentes poupar dinheiro ao máximo. De resto, esta é uma gigantesca lacuna da minha parte. Estava tão habituado a um estilo de viagem frenético em que cada euro contava, que foi difícil a adaptação a um plano em que, por vezes (ok, quase sempre) não podes ir pela opção mais barata. Isto é válido para comboios (preferível comprar assento-cama mais caro que um normal), deslocações dentro da cidade (às vezes é melhor pedir um táxi que apanhar um autocarro) ou restaurantes (street food nem sempre é uma boa opção comparativamente a um restaurante tradicional com lugares sentados e um espaço mais agradável para o bebé).
No entanto, em nenhuma outra vertente este factor “orçamento” tem mais preponderância que no alojamento. Afinal, a última coisa que vais querer é chegar cansado ao quarto, exausto depois de um dia longo passado em viagem, e encontrar um quarto sujo ou desagradável. Para além disso, viajar com um bebé significa que precisas de um wc privado, de um hotel que providencie berço e – no cômputo geral – de condições de conforto um bocadinho melhores que aquelas que tiveste até aqui.
Isto não significa que tenhas que esbanjar à fartazana (a minha média de alojamento por noite no Vietname foi de uns míseros 25€ para todos), mas o mais certo é teres que gastar mais do que o costume em hotéis e apartamentos.
Acredita que percebo bem a ânsia de querer ver tudo o que um destino tem para oferecer, mas rapidamente irás dar por ti em burnout. As exigências da rotina de um bebé não são compatíveis com dias consecutivos de “roda no ar” a saltar de atracção em atracção. A criança vai ficar rabugenta, tu terás o dobro do trabalho para conseguir acalmá-la e, no fim de contas, chegarás ao final de cada dia com um cansaço físico e emocional que não fará valer a pena o esforço extra que tiveste para visitar um templo ou palácio.
Isto se conseguires sequer fazer tudo a que te propões! No entanto, e por mais e melhor que planeies, o mais provável é que não vá acontecer. Pior – tiveste o trabalho de desenhar um roteiro tão detalhadinho para nada, o que significa que vais acabar frustrado e com as expectativas furadas. Planeia uma viagem lenta, tranquila e, acima de tudo, realista. Não te vais arrepender da decisão!
Se tens uma rotina de sono bem estabelecida em casa, não deites essa preciosidade fora só porque estás em viagem. No caso de destinos com grandes diferenças de fuso horário, adaptar o bebé à nova realidade já vai ser tarefa dura, e ainda pior fica se não estabeleceres uma hora aproximada para deitares a criança todas as noites.
Uma vez mais, a tentativa de aproveitar todos os minutos ao máximo pode rapidamente virar-se contra ti. Basta 2 ou 3 noites consecutivas mal dormidas para teres um bebé mal-disposto o dia inteiro e que irá consumir toda a tua energia. Para além disso, se os horários ficarem trocados e só dormir de dia, isso automaticamente significa que TU não poderás dormir durante a noite, o que, por conseguinte, implica níveis de energia muito reduzidos para explorar e aproveitar a viagem.
É chato ter que jantar às 18h00 e não poder sair à noite? Claro que sim. Mas ainda pior é sentires que a viagem chegou ao fim, não conseguiste aproveitar nada e que ainda precisas de férias para descansar. Afinal, um bebé que não descansa é um bebé irritado e rabugento. Se conseguires criar e manter essa rotina de sono em viagem, recomendo ainda que chegues sempre ao hotel pelo menos 40 minutos antes da hora de dormir do teu bebé, para que consigas tratar da rotina habitual (banho, leite, embalar).
Ficarias surpreendido com a quantidade de malta que recomenda não levar o carrinho de viagem e ficar unicamente dependente do marsúpio ou do sling. Sinceramente, e por experiência própria, não sei como é que a logística seria possível. Se estivermos a falar de uma escapadinha de 2 ou 3 dias por uma cidade europeia, ainda consigo compreender. No entanto, para viagens mais compridas e destinos mais distantes, levar carrinho é um “no-brainer”.
No caso específico do Vietname (e, por arrasto, do Sudeste Asiático), podes pensar que a ausência de passeios livres significa que andar com o carrinho vai ser impossível. No entanto, onde não há passeios, também não há regras! Podes andar na berma da estrada, podes deixar o carrinho estacionado sempre que queiras explorar à vontade, e acaba até por ser um óptimo aliado e servir de porta-cargas para as deslocações. Para além disso, nestes destinos menos desenvolvidos, é comum que cafés, restaurantes e hotéis não tenham fraldários ou cadeirinhas de bebé. Bom, o carrinho irá desenrascar-te nestas situações!
Contra mim falo, que levo uma mochila de 70 litros só com coisas do bebé! No entanto, e no início da viagem, essa mochila levava 8 latas (+ de 6kg) só de fórmula anti-refluxo, a única entre as muitas que testámos que não acabava no chão da sala depois de ingerida. Antes da partida, corremos tudo o que era blogs, sites de especialidade e até lojas Vietnamitas para perceber se esta fórmula específica era vendida no país… nada feito! Para além disso, estando o bebé em fase de introdução alimentar, tivemos também que levar uma pequena picadora e uma termos própria para cozer legumes e fazer-lhe a sopa.
Apesar disso, sabemos bem que a maioria das pessoas não vai viajar por tanto tempo consecutivo, pelo que não são necessárias tantas “peneirices” para férias de 1 ou 2 semanas. Infelizmente, tendemos a pensar que os produtos que utilizámos só estão disponíveis em Portugal (ou, no limite, na Europa). No entanto, naquilo a que chamamos “Terceiro Mundo” também existem bebés, pelo que podes ter a certeza absoluta que vais encontrar coisas como frutas e legumes frescos, papas lácteas, fraldas ou toalhitas – não precisas de ir desnecessariamente carregado! A não ser que viajes por um longo período ou o teu bebé tenha alguma condição que exija um produto muito específico, o melhor é relativizar. São 2 semanas da vida do bebé, por isso aproveita e deixa-o explorar as opções do destino, como frutas exóticas/tropicais e comidas diferentes das que habitualmente prova em casa.
Não vale a pena dourar a pílula – voar com bebés é horrível! Mesmo quando corre bem, só a ansiedade das horas anteriores é suficiente para arruinar o dia. No entanto, apanhar um autocarro ou um comboio pode ser bem pior, especialmente se essa viagem durar longas horas.
No caso específico do Vietname, pude ter as duas experiências. Um comboio nocturno entre Nha Trang e Da Nang (11 horas) que, mesmo tendo uma cabine só para nós, foi bastante dura; e um voo curto entre Da Nang e Hanói (1h15) que passou literalmente a voar. Aliás, depois do comboio nocturno, nem sequer me atrevi a sentir ansiedade pelo voo curto… já que a alternativa era outro comboio, desta feita de 15 horas!
Em suma, e se a diferença de preços não for mastodôntica, mais vale um voo curto que uma noite num comboio ou autocarro!
Obviamente, uma viagem desta dimensão, especialmente com um bebé, obriga a uma consulta do viajante. No entanto, certifica-te de que fazes o trabalho de casa antes da consulta para saberes o que esperar e que dúvidas tirar. Informa-te sobre a temperatura, quais os cuidados a ter (repelente, protector solar) e conhece minimamente o destino antes da tua aventura. Quanto menos surpresas, melhor. Isto é válido para questões de saúde, mas também se liga bem ao ponto da bagagem, já que sabendo as condições do destino poderás fazer a mala de forma mais eficiente e evitando bagagem desadequada.
No meu caso específico, e tendo o miúdo menos de 12 meses, não é possível antecipar a vacina da febre tifoide. Acontece que esta é uma doença presente no Vietname. Tendo este conhecimento, foi possível preparar-me da melhor forma para lidar com formas de evitar o contacto do bebé com praticamente toda e qualquer água canalizada, onde a doença pode estar presente. Para além disso, está actualmente em curso um surto de sarampo no país. No sentido contrário, é possível antecipar a toma desta vacina, que foi precisamente o que fizemos. Estes são apenas 2 exemplos concretos da importância de te manteres informado da situação sanitária actual do teu destino.
Uma vez que andei a saltitar com alguma frequência entre cidades e alojamentos (o Vietname é bastante grande), aconteceu por diversas vezes chegar à cidade seguinte do meu itinerário pela manhã, muitas horas antes da hora de check-in. Se isto normalmente nem seria grande problema, bastando encontrar qualquer café ou restaurante onde descansar durante algumas horas, o caso muda de figura estando acompanhado de um bebé de apenas 8 meses.
A paciência não abunda depois de um voo ou um comboio nocturno, e o miúdo provavelmente já vem rabugento das viagens. Em suma, não vale a pena forçar a barra! Previne esta situação solicitando um check-in antecipado, mesmo que tenhas que pagar por ele. Alternativamente, se o alojamento não conseguir acomodar esse pedido, a alternativa passa por reservar um quarto baratinho nas proximidades, onde possas passar umas horas a descansar com o bebé antes do horário de entrada no alojamento definitivo.
Este aqui é bastante específico, mas acredito que muitos pais (especialmente de gerações mais jovens) se irão identificar. Não gosto que estranhos mexam no meu filho. Podem olhar, podem falar para ele, mas tocar-lhe já é capaz de ser um bocadinho demais. Bom, se isto é socialmente aceite na Europa, existem outros lugares do globo onde não só te vão mexer na criança, como irão também fotografá-lo e tentar pegar-lhe ao colo.
No Vietname experienciámos tudo isto. E é mesmo muito desconfortável estar no país dos outros e ter que activamente dizer a alguém “pelo amor da santa, pare de mexer nas bochechas do meu filho”. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Acredito que esse desconforto social seja a norma, por isso o melhor é preparares-te mentalmente para ter que ser antipático, ou, em alternativa, mentalizares-te de que um número substancial de pessoas (especialmente na Ásia) irá interagir com o teu bebé e, algumas (ou muitas) delas irão tocar-lhe.
Este é o velho cliché, mas é a mais pura verdade. Planeia, lembra-te que acima de tudo o teu bebé está bem onde TU estiveres, e não deixes de partir nesta aventura.
Terás que lidar com birras, choros, fraldas sujas, stresses, e toda a pletora de problemas e desafios diários que qualquer bebé traz… mas também terias que o fazer em casa!
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