São mais de 200 as línguas faladas na Europa, mas muitas delas vivem à sombra das línguas mais faladas em cada país e algumas estão mesmo em risco de desaparecer. Aqui damos-te a conhecer alguma da história e curiosidades sobre oito destes idiomas.
Quando pensamos num país na Europa, uma das primeiras associações que fazemos é com a sua língua oficial. E mesmo no caso dos países com mais de que uma língua, raramente pensamos em mais do que duas ou três.
Mas nem sempre as coisas foram tão simples. A escolaridade obrigatória e o desenvolvimento do Estado moderno fizeram com que as línguas se uniformizassem, e no caminho fizeram desaparecer milhares de dialetos e idiomas.
Vejamos o exemplo de França. Em 1789, na altura da Revolução francesa, foi feita uma sondagem para saber que língua falavam os habitantes do país. A conclusão é que apenas metade da população falava francês em qualquer nível, e só cerca de 12% dominavam a língua!
A variedade linguística era tal que habitantes de vilas vizinhas podiam ter dificuldade em compreender-se. Muita desta variedade perdeu-se, mas são várias as línguas que resistiram. Voltando ao caso de França, apesar da grande maioria falar francês, há ainda falantes de línguas como o alsaciano, o bretão ou o ocitano.
Em Portugal, temos o exemplo do Mirandês, que tem, desde 1999, estatuto de língua oficial. É de línguas sobreviventes como estas que vamos falar neste artigo.
Região: Wilamowice, sul da Polónia
Falantes: 20
Uma palavra: Sgiöekumt – bem-vindo
Provavelmente a língua mais ameaçada da Europa. Estima-se que apenas 20 pessoas dominem o Wymysorys. Esta língua é apenas falada num município da Polónia. Mas ao contrário do polaco, uma língua eslávica como ucraniano ou o checo, o Wymysoris é uma língua germânica, aparentada com o alemão moderno.
Na verdade, o Wymysorys é parte de uma vasta história de imigração de falantes de línguas germânicas para leste, chegando até à região do Volga, na Rússia. Mas muitos destes falantes foram expulsos após a 2ª Guerra Mundial, ou então forçados a adaptar a língua local.
Também o Wymysorys chegou a ser proibido, e isso fez com que a língua quase desaparecesse. Hoje, a sua sobrevivência deve-se em grande parte a Tymoteusz Król. Nascido em 1993, Tymoteusz aprendeu a falar Wymysorys com a avó, e desde então dedicou-se a estudar, ensinar e promover a língua.
Região: La Gomera (Canárias), Espanha
Falantes: cerca de 22,000
Uma palavra: 🤷
Já mencionamos anteriormente o Silbo Gomero no nosso artigo sobre as Ilhas Canárias. Esta é uma língua bastante diferentes das outras nesta lista, já que é completamente falada através de assobios.
O Silbo Gomero é uma língua com quatro vogais e cinco consoantes expressas através de assobios. As pausas e o tom ajudam a distinguir as letras. Através desta língua, é possível comunicar a longas distâncias – até três ou quatro quilómetros – entre as montanhas e vales da ilha de La Gomera.
Diz-se que, em séculos passados, o assobio podia ser ouvido todo o dia, comunicando notícias, nascimentos e falecimentos. Graças a um grande esforço das escolas locais, a língua continua viva, com cerca de 22,000 falantes, incluindo muitos jovens.
Região: Grisons, Suíça
Falantes: 40.000
Uma palavra: Muntogna – montanha
A Suíça é muitas vezes mencionada como um exemplo da coabitação entre diferentes línguas. Das quatro línguas oficiais, o alemão é a mais falada, seguida do francês e do italiano.
Muitas vezes esquecida, a quarta língua oficial da suíça é o Romanche. É que apesar de ser oficial, é falada apenas por 0.8% da população (menos até do que a percentagem que fala português, graças à grande comunidade de imigrantes portugueses).
O Romanche descende do latim falado no império romano, tendo ficado relativamente isolada das outras línguas românticas, como o italiano ou o francês. Por isso, ouvir esta língua pela primeira vez pode ser uma surpresa para quem fala português, já que há algo de familiar!
Região: Europa Central e de Leste
Falantes: 600.000 (incluindo fora da Europa)
Uma palavra: Bubbe (בּאָבע) – avó
O Iídiche é uma língua com uma história particularmente triste. Da família das línguas germânicas, era desde o século X o idioma dos judeus asquenazes – ou judeus da europa central.
Estima-se que na véspera da 2ª Guerra Mundial existiam 11 milhões de falantes desta língua, uma boa maioria na Europa. Mas cerca de 85% dos judeus mortos no holocausto falavam Iídiche e hoje restam apenas algumas comunidades que falam Iídiche em países como a França, a Suécia e a Ucrânia, A maioria dos falantes está fora do continente.
Algumas palavras do Iídiche espalharam-se por outras línguas e tornaram-se familiares até em português. É o caso de bagel, glitch ou golem.
Também na Península Ibérica chegou a existir uma língua judia, o ladino, entretanto extinta neste território, mas ainda falada em comunidades espalhadas pelo norte de África, Médio Oriente, Balcãs e Américas.
Região: País Basco, Espanha e França
Falantes: 750,000
Uma palavra: Jatetxea – restaurante
Em Espanha, as línguas minoritárias estão particularmente presentes, sendo um tópico político recorrente e mantendo-se vivas com grande número de falantes. Estima-se que sejam quase 10 milhões os falantes do catalão, por exemplo.
Aqui escolhemos mencionar o Basco, pelo facto de, ao contrário das outras línguas oficiais de Espanha, não se tratar de uma língua com origem no latim. Na verdade, o Basco nem sequer pertence à grande família das línguas Indo-Europeias, a que pertencem quase todas as outras línguas do continente.
A origem do basco é um mistério que há muito se tenta resolver. É possível que a geografia local tenha ajudado a manter a população local isolada da influência de outras línguas, um isolamento que já se verificava na altura do império romano.
Região: Grecia Salentina e Bovesia, sul de Itália
Falantes: 2.000
Uma palavra: Platègguo – eu falo
Tal como as línguas germânicas se espalharam para leste, o grego difundiu-se ao longo dos mares mediterrâneo e negro. Isso explica porque é que ainda existem dialetos gregos de Itália à Ucrânia.
Aqui falamos do greco-calabrês. Particularmente ameaçada, esta língua é falada no sul de Itália e é um testemunho das colónias helénicas ai estabelecidas à cerca de 2.700 anos, a que se juntaram imigrantes gregos que fugiram depois da queda do império bizantino.
A comunidade grega nessa região floresceu e até teve um papel significativo na tradução do grego antigo durante a redescoberta da cultura clássica durante o renascimento. Mas ataques piratas, a criação do estado italiano moderno e mais tarde o fascismo de Mussolini foram reduzindo o número de falantes.
Uma curiosidade do grego da Calábria é o facto de ser escrito com o alfabeto latino e não com o alfabeto grego.
Região: Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia
Falantes: 20.000 a 30.000
Uma palavra: Guovssahasat – aurora boreal
Sámi é o nome dado a uma família de línguas faladas pelo povo indígena sami. São cerca de 10 as variações da de Sámi faladas em na região de Sápmi, o nome que o povo sami dá à região que quem não é de lá chama de Lapónia – um nome que os sami normalmente rejeitam.
Os sami viveram relativamente isolados até ao século XVIII, com poucos contactos com a população do sul da Escandinávia e dedicando-se a outras ocupações económicas. Mas eventualmente, Noruega e Suécia começaram a exercer soberania sobre as zonas mais a norte, trazendo consigo repressão sobre a língua.
Desde os anos 90 que se consolidou o esforço para proteger as línguas Sámi. O sámi setentrional, a mais falada, já é a língua principal de várias escolas na região. Mas mesmo assim, algumas das línguas desta famílias estão em risco de desaparecer, em particular aquelas que são faladas na parte russa do território sami.
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Região: Ilha de Man, dependência da coroa britânica
Falantes: 1.800
Uma palavra: Ellan – ilha
A cada duas semanas desaparece uma língua no mundo. Em 1974, foi a vez do Manx, uma língua gaélica, tal como o irlandês ou o escocês gaélico, sucumbir â predominância do inglês.
Mas, por vezes as línguas podem ressuscitar. Graças às gravações feitas com os últimos falantes, organizações sem fins lucrativos e autodidatas empenhados, a língua voltou a ser falada, e em 2001 abria a primeira escola básica em que as crianças aprendiam exclusivamente em Manx.
As crianças têm tido um papel fundamental na preservação da língua. Quando em 2009, a Unesco colocou o Manx na lista de línguas extintas, crianças da ilha escreverem em Manx para a organização, perguntando “se a língua Manx está morta, que língua é esta em que vos escrevo?”
Hoje, o Manx é falado no parlamento, mas também nos pubs, e pode ser visto um pouco por toda a ilha nas placas de indicações. E até nos nomes da nova geração se nota a sua influência do Manx a crescer face ao inglês.
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