Guia de viagem completo, ideal para quem procura que locais visitar e o que fazer no Uzbequistão. Inclui informações detalhadas sobre transportes, dicas de segurança, hotéis e restaurantes, bem como um roteiro completo de 8 dias no Uzbequistão, com passagem em Tashkent, Samarcanda, Bukhara e Khiva.
Parte da ainda obscura e isolada região da Ásia Central, um conjunto de 5 antigas repúblicas soviéticas, o Uzbequistão é um dos destinos emergentes mais subvalorizados do planeta. Ao passo que os seus vizinhos são sobretudo conhecidos pelas suas paisagens naturais, sociedades nómadas e infindáveis picos montanhosos, o Uzbequistão é considerado a grande joia cultural do conjunto, muito à conta da sua extraordinária arquitectura islâmica.
Embora a beleza do país possa passar despercebida aos mais incautos, a verdade é que o Uzbequistão é talvez o maior herdeiro histórico da lendária Rota da Seda, o caminho percorrido por milhões de vendedores itinerantes, e que permitiu os primeiros contactos culturais e comerciais entre as civilizações orientais e ocidentais. Este fenómeno era de tal forma vincado que cidades inteiras foram construídas e desenvolvidas só para albergar os comerciantes e viajantes da Rota da Seda, sendo que algumas das mais belas (e que tenham resistido à passagem do tempo) podem precisamente ser encontradas em território uzbeque.
Assim sendo, e se estás à procura de o que fazer no Uzbequistão, vieste ao sítio certo! Aqui descobrirás um roteiro completo de 8 dias no país, bem como todas as restantes informações necessárias para preparares a tua aventura. Acompanha-nos neste guia de viagem do Uzbequistão e descobre os melhores hotéis e restaurantes, como te deslocares entre cidades, como trocar/levantar dinheiro, dicas de segurança e ainda as melhores alturas para visitar o país.
Apesar de existirem 6 aeroportos internacionais no país, se voares a partir da Europa, existe uma probabilidade quase certa de que aterres no principal aeródromo do Uzbequistão: o Aeroporto Internacional Islam Karimov, em Tashkent.
Como já seria de esperar, não existem voos directos entre Portugal e Uzbequistão, sendo que terás sempre que fazer escala num outro país. Embora o melhor seja sempre consultar plataformas como a Google Flights para monitorizar as melhores ligações, companhias como a Turkish Airlines e a Qatar Airways, com escala em Istambul e Doha, respectivamente, costumam ter as melhores ofertas a partir de Porto e Lisboa, com voos para Tashkent a partir dos €700 (ida-e-volta).
Como alternativa, podes sempre voar para Almaty, no vizinho Cazaquistão, e depois tentar chegar à capital Uzbeque de comboio. Nesse caso, encontrarás voos disponíveis a partir dos €550 (Lufthansa, escala na Alemanha), embora a viagem ferroviária dure mais de 24 horas.
Felizmente, é possível ver o que de melhor (e mais conhecido) o Uzbequistão tem para oferecer em apenas 1 semana. Apesar das distâncias serem bastante grandes e as estradas longe da melhor condição, as cidades históricas uzbeques requerem pouco tempo de visita, permitindo-te estar constantemente “on the move”.
Posto isto, para aqueles que queiram espremer bem o tempo e/ou orçamento, 8 dias seria o mínimo dos mínimos para, pelo menos, conseguires visitar os clássicos em Tashkent, Samarcanda, Bukhara e Khiva. Por outro lado, se quiseres ainda visitar o emblemático cemitério de navios do Mar Aral em Muynak, as paisagens fabulosas do Vale de Fergana ou outras lembranças históricas da Rota da Seda em Shahrisabz, irás precisar de pelo menos 5 ou 6 dias extra.
Tendo em conta a localização do país, nas imediações da gigantesca Estepe Central, o Uzbequistão é uma terra de temperaturas extremas. Isto significa que os Invernos são absolutamente gélidos e os Verões insuportavelmente quentes. É certo que podes viajar à mesma nestas alturas, mas a experiência estará longe de ser a mais cómoda.
Posto isto, o melhor é mesmo optar pela “shoulder-season”, especialmente nos períodos compreendidos entre Março e Maio, na Primavera; e entre Setembro e meados de Novembro, no Outono. Ainda assim, não estranhes se as máximas chegarem aos 30ºC em alguns destes meses! Por outro lado, Março ganha alguns pontos extra por coincidir com o Navruz, as celebrações do Ano Novo Persa, bastante prominentes em todo o Uzbequistão!
Estando este destino situado fora da Europa, e sem nenhum tipo de acordo com a UE que te permita entrar com qualquer outro documento de identificação, é absolutamente obrigatório estares munido do teu passaporte para poderes visitar o Uzbequistão. Para além disso, o documento deverá ter uma validade mínima de 6 meses à entrada.
No entanto, os cidadãos portugueses estão isentos de visto de turismo, podendo permanecer no país durante um período máximo de 30 dias apenas com o carimbo no passaporte.
Como nota final, importa relembrar que todos os viajantes que visitem o Uzbequistão por mais de 3 dias deverão registar a sua estadia numa esquadra da polícia local. Normalmente, os hotéis fazem este reporte de forma automática, pelo que apenas terás que te preocupar com isto se fizeres couchsurfing ou ficares alojado em casa de algum familiar/amigo.
Estando o país situado fora da UE e sem nenhum tipo de acordo para a isenção de taxas de roaming nas telecomunicações, não poderás utilizar o teu tarifário português actual durante a tua viagem ao Uzbequistão.
Aliás, a primeira coisa que deves fazer antes de levantares voo rumo ao país é mesmo desligar todos e quaisquer dados móveis que tenhas activos no teu telemóvel, sob pena de teres uma (muito) desagradável surpresa no final do mês. Ainda que os custos possam variar de acordo com a operadora, e apenas para ficares com uma noção do que esperar, a Vodafone cobra os seguintes valores para comunicações em território uzbeque:
Posto isto, a nossa recomendação é que compres um cartão SIM para a tua viagem ao Uzbequistão. No entanto – e isto é importante – não o faças no Aeroporto de Tashkent, uma vez que todas as lojas do espaço vendem cartões a preços bastante inflacionados, tentando assim aproveitar-se do desconhecimento dos turistas. Como tal, o melhor é esperar até que possas visitar uma loja oficial de telecomunicações no centro da capital. Quanto ao mercado, existem três grandes companhias de telecomunicações no país: UZTELECOM, Beeline e Ucell.
Tendo como moeda oficial o SOM Uzbeque (ou SUM), qualquer levantamento que faças no Uzbequistão recorrendo a um cartão português, recorrerá naturalmente ao pagamento de várias taxas. Para além da taxa percentual sobre o valor do levantamento (relativa à conversão), a tua transacção estará também sujeita ao pagamento de um valor fixo, referente à taxa por levantamento de divisa fora da zona Euro. Contas feitas, podes acabar a pagar ao teu banco bem acima de 6% do valor do teu levantamento.
Uma vez que efectuar o câmbio antes da viagem está também longe de ser económico – para além de não ser propriamente seguro andares com uma quantia tão grande em dinheiro vivo – a melhor alternativa passa por recorreres aos serviços de bancos online como o Revolut ou o N26.
No caso do primeiro, permite-te efectuar levantamentos até um determinado limite mensal sem que te seja cobrada qualquer taxa. Para além disso, mesmo depois de atingido esse patamar, as comissões são residuais quando comparadas às dos bancos tradicionais. Contudo, é importante ter em atenção que o Revolut não te “protege” no que toca a eventuais taxas que o banco responsável pela caixa automática que utilizares cobre por levantamentos com cartão estrangeiro. Infelizmente, praticamente todos os operadores de terminais multibanco no Uzbequistão cobram taxas de levantamento com cartão estrangeiro, com valores que variam entre 1% a 3% do valor levantado. Seja como for, e existindo alguma comissão cobrada pelo banco do destino, essa informação é-te sempre comunicada antes de confirmares o levantamento, por isso nunca serás apanhado desprevenido.
Relativamente a pagamentos, a sociedade Uzbeque continua a privilegiar as transacções em dinheiro, pelo que é absolutamente fundamental ter sempre algumas notas no bolso. Se preferires levar algum dinheiro e fazer câmbio, poderás encontrar serviços de câmbio em muitos supermercados, bazares, hotéis e aeroportos, para além das tradicionais agências e dos próprios bancos. Aqui estão alguns bancos ondes podes trocar o teu dinheiro em Tashkent:
Descobre mais: Dicas para viajantes: Tudo que precisas de saber sobre o Cartão Revolut
Apesar do estigma e do rótulo que muitas vezes recaem sobre todos os países com o sufixo “-istão”, a verdade é que o Uzbequistão é um destino perfeitamente seguro, com índices de criminalidade muito baixos e um povo extremamente hospitaleiro. No entanto, é à vontade, mas não à vontadinha! Por mais segura que uma cidade seja, nunca deixes de parte o senso comum. Tem especial atenção aos teus pertences em zonas movimentadas e nunca aceites ajudas de ninguém quando estiveres a utilizar o multibanco. Aliás, no que toca a dinheiro, é altamente recomendado que nunca troques qualquer montante na rua, sendo que te deves cingir puramente a casas de câmbio (ou bancos) oficiais caso optes por levar euros para trocar no destino. Quer faças levantamento ou câmbio, prepara-te para andar com uma verdadeira montanha de notas atrás. Dado o valor residual da moeda (1$ = 12.600 SOM) e as denominações pequenas – a maior nota em circulação é de 200.000 SOM mas é muito comum que a maior nota dispensada pelos bancos/casas seja de apenas 10.000 SOM – é preciso ter sempre muito cuidado com os trocos ou qualquer tipo de transacção bancária, já que os Uzbeques são extraordinariamente rápidos a contar dinheiro e é fácil para nós, estrangeiros, perdermos o fio à meada.
Noutra nota, cuidado com os veículos sem taxímetro, já que os taxistas uzbeques (à semelhança do que acontece praticamente em todo o mundo) são famosos por enganarem os mais incautos. Para evitares dissabores e chatices, o melhor mesmo é recorreres à Yandex, a aplicação de ride-sharing (tipo Uber) mais popular do antigo universo soviético. É só adicionar o destino, autorizar a leitura de localização e adicionar o teu cartão à plataforma (perfeitamente seguro). A tarifa será imediatamente disponibilizada no momento da marcação da viagem, por isso não terás qualquer surpresa desagradável. Como dicas finais (e mais generalizadas), beber água da torneira está absolutamente fora de questão. Para além disso, e uma vez que o Uzbequistão está situado numa zona de elevada actividade sísmica, se tiveres o azar de experienciar algum desastre natural no decorrer da tua estadia, segue sempre as indicações dadas pelas autoridades – afinal, eles é que são os especialistas!
Apesar dos voos não serem propriamente baratos, praticamente tudo o resto no Uzbequistão é extremamente acessível ao bolso médio português. Dos transportes aos restaurantes, passando pelos supermercados e até por alguns tours guiados, depois de chegares ao Uzbequistão é fácil não gastar uma fortuna! Felizmente, os alojamentos não são excepção à regra, com quartos, hotéis e apartamentos para todos os gostos e para todas as carteiras… mesmo as mais encolhidas!
Posto isto, e se estás a priorizar a busca de sítios para dormir no país, deixamos-te uma sugestão para cada categoria de classificação no nosso guia de viagem do Uzbequistão:
Situado a apenas 8 km da baixa, a melhor forma de viajar entre o Aeroporto Islam Karimov e o centro de Tashkent passa por recorrer à linha 40 da rede local de autocarros. Estes veículos partem da paragem situada imediatamente à saída do terminal doméstico de chegadas, ligando o principal aeródromo do país à Estação Central de Comboios de Tashkent (onde podes depois apanhar o metro para onde quiseres). Estes veículos operam entre as 06h00 e a meia-noite, com um novo veículo a sair a cada 30 minutos. O preço? À volta de 3000 SOM, com o bilhete a ser comprado no interior do veículo. Aparentemente, existem ainda linhas que viajam directamente até ao centro de Tashkent, mas a informação disponibilizada online é praticamente inexistente (e contraditória).
No entanto, e se quiseres mesmo apanhar o autocarro, terás que ser forte e ignorar as dezenas de taxistas que provavelmente te irão interpelar de forma bastante insistente (e até agressiva) assim que saias do terminal. Se não estiveres para te chatear e preferires apanhar um destes táxis, conta pagar cerca de 100.000 SOM pelo trajecto até à baixa. Ao passo que anteriormente podias pedir um Yandex (app de ride-sharing) por uns residuais 25.000 SOM, o governo decretou que apenas táxis licenciados são autorizados no interior do aeroporto. Uma pena, já que te encarece substancialmente a viagem.
Tendo em conta a dimensão do país e as distâncias relativamente longas entre as suas principais cidades (e destinos turísticos), é fundamental que qualquer visitante saiba como navegar a rede de transportes colectivos uzbeques.
Surpreendentemente, considerando a sua posição isolada e baixo índice de desenvolvimento, os transportes públicos no país são bastante decentes, embora as estradas possam nem sempre estar na melhor condição. Seja como for, e até porque vais precisar, aqui fica um apanhado de como organizares as tuas viagens entre cidades no Uzbequistão.
Apesar dos gigantescos problemas que o controlo e governação soviéticos trouxeram às diferentes repúblicas da outrora superpotência mundial, se há coisa que o regime sabia fazer bem era desenvolver sistemas ferroviários. À conta disso, muitos desses países mantêm redes de comboios bastante decentes para os seus índices económicos actuais, facilitando a travessia pelos seus territórios com recurso a este meio de transporte. No caso do Uzbequistão, o país não só se esforçou para manter e modernizar a infraestrutura soviética, como construiu de raiz novos modelos de alta velocidade, como o Afrosiyob.
Quanto aos comboios soviéticos standard, as categorias subdividem-se entre platzkart, a carruagem aberta com fileiras de lugares sentados; kupe, compartimentos com 4 bancos corridos; e lyux, com 2 bancos corridos. Normalmente, os preços em platzkart são mais baixos que nos restantes. Por outro lado, nos comboios mais rápidos e no Afrosiyob, a nomenclatura é mais simples e moderna, com as carruagens a dividirem-se em Económica (normalmente sem ar condicionado), Executiva (com ar condicionado) e VIP (compartimento privado de 2 lugares). Os comboios soviéticos, ainda que bastante mais lentos, continuam a ser bem confortáveis, embora possam não primar pela pontualidade (os atrasos são comuns). Já os Afrosiyob são extremamente modernos, limpos, rápidos e eficientes, com o bilhete a incluir algum tipo de bebida + snack/aperitivo. No meio termo estão os chamados “fast trains”, um serviço mais rápido e caro que os modelos soviéticos, mas mais em conta e lento que o ultramoderno Afrosiyob.
Quanto a bilhetes, a necessidade de compra antecipada irá depender da data da tua viagem. Se viajares em épocas festivas e às Sextas-Feiras e Domingos à noite, é bastante provável que não consigas arranjar qualquer ingresso no próprio dia da viagem. Como tal, deverás utilizar o website oficial dos Caminhos-de-Ferro do Uzbequistão para concluir a compra antecipada. O problema? A plataforma é conhecida por ser altamente instável, e nem sempre os pagamentos com cartões estrangeiros são aceites. O melhor é ires insistindo até que o site colabore! Se desesperares com facilidade e te apetecer desistir, podes sempre recorrer à 12GoAsia, embora os bilhetes sejam ligeiramente mais caros para acomodar a taxa da plataforma. Como terceira via, podes ainda utilizar a Tickets.kz, um serviço do vizinho Cazaquistão. No entanto, nem todas as ligações estão disponíveis neste website e o pagamento é feito em Tengue, a moeda Cazaque. Numa nota adicional, é normalmente possível comprar bilhetes online para uma determinada ligação com até 2 meses de antecedência.
Por fim, e embora os preços possam variar bastante de acordo com o tipo de comboio e classe do bilhete, deixamos aqui um apanhado com os preços médios para as rotas mais populares do país:
Se tiveres o infeliz azar de não encontrar qualquer ligação de comboio disponível, então serás obrigado a percorrer as distâncias por rodovia. Infelizmente, no caso Uzbeque isso implica viagens extremamente longas e desconfortáveis, e a garantia absoluta de que chegarás ao teu destino (especialmente nas viagens de/para Khiva) a sentires-te totalmente empenado.
Felizmente, todas as principais cidades Uzbeques têm uma estação/terminal principal de autocarros, com várias ligações diárias aos principais destinos do país por preços extremamente baixos. Naturalmente, dada a natureza informal destas rotas, é bastante difícil encontrar informação fidedigna devidamente actualizada no que toca a horários e preços, embora o próprio Ministério dos Transportes do Uzbequistão tenha partilhado esta lista com informações relativas a 2021 para partidas da estação de autocarros de Tashkent. No entanto, e para ponto de referência, conta com preços que rondem os 50%/60% das tarifas mais baixas para comboios que cubram a mesma rota.
Para além disso, se mesmo as ligações de autocarro estiverem esgotadas e não exista qualquer outra saída colectiva, é extremamente comum encontrar taxistas nas imediações das estações de autocarros e comboios a tentar angariar clientes para cumprir uma determinada rota. Por exemplo, se quiseres viajar entre Tashkent e Bukhara e já não existam bilhetes de autocarro nem comboio, é só abordares um destes senhores e serás encaminhado para um táxi partilhado que complete este trajecto. Depois, é só aguardar que o carro encha todos os lugares, sendo a tarifa dividida igualmente (o lugar de pendura pode pagar ligeiramente mais) entre todos os passageiros. Aqui, os preços não serão muito diferentes dos praticados pela ferrovia, e como tal bastante mais caros que os autocarros. Por outro lado, a viagem será bastante mais confortável.
Finalmente, e embora não seja particularmente popular, é também possível voar entre os principais destinos do Uzbequistão. Naturalmente, as ligações são asseguradas pela principal transportadora do país: a Uzbekistan Airways.
A única rota que poderá ser interessante numa óptica de optimização de tempo será a que liga Tashkent a Khiva através do Aeroporto de Urgench, a cerca de 30 km de distância. O voo tem a duração de 1h30 e as tarifas mais baratas estão disponíveis a partir dos €40,00. O único motivo para contemplar esta viagem está relacionado com a morosidade da alternativa, já que a viagem de comboio directo entre as duas cidades leva 15h00 (e o autocarro é ainda mais longo).
De resto, todas as deslocações deverão ser feitas por terra.
A gastronomia é um tema sempre engraçado no que toca à Ásia Central. Por um lado, por este território passaram tantos povos, tribos e impérios, que é impossível não notar as influências eslavas, chinesas, turcas, árabes e persas que se foram imiscuindo na cozinha local, tornando-a mais rica e diversa. Aliás, e para surpresa de muitos, até a culinária Coreana acabou por encontrar aqui um poiso, já que muitos Coreanos étnicos que viviam no leste da União Soviética foram forçosamente exilados para as nações da Ásia Central por Estaline nos anos 30. No entanto, e apesar de toda esta diversidade, praticamente todos os que viajam pela Ásia Central costumam destacar a comida como um ponto negativo. Isto é bastante mais premente nas regiões montanhosas de Cazaquistão, Tajiquistão e Quirguistão, já que o isolamento das zonas naturais (e turísticas) faz com que seja difícil obter muitos tipos de alimentos, deixando a população e visitantes à mercê dos mesmos pratos e iguarias ao longo de quase toda a viagem. Apesar de tudo isso, o Uzbequistão é um pequeno oásis no marasmo gastronómico da Ásia Central, não só porque os principais pontos turísticos ficam nas cidades (e não nas montanhas), facilitando as deslocações e redes de abastecimento, mas também porque o país é o lar do mais emblemático e apreciado prato de toda a região: o Plov!
Este petisco, disponível em praticamente todos os restaurantes do Uzbequistão e dos países vizinhos, é um famosíssimo prato de arroz aromatizado cozinhado num caldo de carne (normalmente borrego) e legumes. No total, estima-se que existam mais de 200 variações do prato, pelo que, se visitares o país, é absolutamente impossível não acabares a comer plov pelo menos 1 vez! No entanto, nem só de plov vive o Homem (Uzbeque), por isso há outras iguarias locais que não podes deixar de provar. Nestes, optámos por incluir Shashlik, espetadas de carne marinada cozinhadas sobre carvão; Lagman, uma sopa de noodles e carne adaptada da culinária Uigur; Samsa, a versão uzbeque das famosas samosas indianas; Shivit Oshi, noodles verdes – assim colorados com uma infusão de aneto – e com um topping de carne em molho de tomate; e Manti, dumplings vaporizados com recheio de carne e servidos com Kaymak, uma espécie de nata (estilo sour cream ou crème fraîche) que serve de molho.
Finalmente, fechamos com o capítulo dos doces. No entanto, ao passo que o mundo ocidental privilegia os bolos, os cremes ou as mousses, a cultura Uzbeque é bastante mais turca/otomana nesse sentido. Como tal, aqui podes esperar encontrar muitos docinhos de porções pequenas feitos com frutos secos e/ou massa folhada– como Pakhlava ou Gozinaki – ou à base de massa frita com mel, como Urama ou Chak-Chak.
Administrados por empresas ou guias locais, estas free walking tours consistem em visitas guiadas pelos quarteirões históricos, no qual te vão contando as histórias de cada sítio e providenciando um importante contexto cultural. Embora os tours sejam, de facto, gratuitos, mandam os bons costumes que no final cada pessoa dê uma gorjeta ao guia como compensação pelo seu trabalho. No caso de Tashkent e Samarcanda, o valor mínimo aceitável deverá rondar os 70.000 SOM.
Posto isto, aqui estão algumas empresas que organizam free walking tours em Tashkent e Samarcanda.
Embora o Uzbequistão seja um país bastante grande, com 8 dias já terás a oportunidade de conhecer as principais cidades e polos culturais do país, embora a um ritmo acelerado. De Tashkent a Khiva, quase na fronteira com o Turquemenistão, serão muitos os quilómetros que percorrerás no alcatrão (ou ferrovias) uzbeque, mas prometo que esta tem tudo para ser uma aventura que deixará saudades.
Ainda assim, e sem mais demoras, apresentamos-te as cidades e atracções que deves visitar num roteiro de 8 dias pelo Uzbequistão.
Dada a escassez de ligações internacionais nos restantes aeroportos uzbeques, é quase garantido que a tua aventura no Uzbequistão terá início na capital Tashkent. Ao contrário das restantes cidades que visitarás como parte deste itinerário, Tashkent não é visualmente apelativa ou histórica. Foi-o outrora, até um gigantesco terramoto em 1966 ter destruído praticamente todo o seu património histórico, tendo as autoridades soviéticas decidido pela reconstrução da cidade de acordo com os ideais modernos (para a época) e brutalistas da ideologia do governo. Como resultado, Tashkent tem muito pouco património pré-terramoto, e praticamente nenhum resquício da gloriosa Rota da Seda. No entanto, e enquanto capital, Tashkent é a cidade mais cosmopolita e “europeizada” do Uzbequistão, onde podes encontrar os centros comerciais, as pessoas mais progressistas, os cafés da pinta e os restaurantes da moda. Para além disso, e mesmo do ponto de vista turístico, a cidade tem atracções mais que suficientes para te manter ocupado durante (pelo menos) 1 dia. Assim sendo, a tua primeira paragem do dia terá lugar no Complexo Hazrat Imam, um dos únicos locais da cidade onde podes ter um gostinho da velha Tashkent, e provavelmente a maior atracção turística da capital Uzbeque. Um espaço religioso composto por várias mesquitas, mausoléus e madraças históricas – incluindo uma biblioteca onde alegadamente estará guardado o Corão mais antigo do mundo – este será o teu primeiro contacto com a arquitectura tradicional islâmica que encontrarás noutras paragens do país. Não muito longe, podes também visitar a Madraça Kokaldash (10.000 SOM), um dos poucos edifícios históricos a ser reconstruído depois do desastre.
Bem junto à madraça, segue-se a visita obrigatória ao emblemático Chorsu Bazaar, provavelmente o mercado mais popular de toda a Ásia Central. Outrora confinado à gigantesca cúpula em forma de ovni que se destaca na paisagem, o bazar estende-se agora a todas as ruas circundantes e à estação de metro mais próxima. Um excelente sítio para tratar das souvenirs, comprar alguns produtos locais ou despachar o almoço. De seguida, vais descer ao subsolo para ficar a conhecer o Metro de Tashkent, que, à semelhança dos seus congéneres soviéticos de Moscovo, São Petersburgo, Kazan ou Kiev, é considerado um dos mais bonitos do mundo. Atendendo à utilização quase universal deste meio de transporte pelas populações locais, as autoridades soviéticas gostavam de ostentar aquando da construção dos seus sistemas de metropolitano, criando estações com padrões decorativos temáticos e elementos arquitectónicos que poderiam perfeitamente assentar num palácio ou edifício governamental. No caso de Tashkent, as estações foram construídas a uma profundidade tão grande que as autoridades consideravam-nas abrigos oficiais em caso de ataque nuclear! Actualmente, um bilhete de metro custa uns míseros 2000 SOM, pelo que é só tirar o título de viagem e percorrer algumas das mais bonitas estações da cidade:
De regresso à superfície através da estação Mustaqillik Maydoni, vais aproveitar para explorar as imediações da gigantesca Praça Amir Timur, considerada o epicentro de Tashkent, e o local habitual para ajuntamentos de massas na capital. No centro, destaca-se a estátua de Timur, o fundador e líder do impressionante Império Timúrida, apropriado como filho da nação por ter nascido numa cidade que faz parte do actual Uzbequistão. Embora este nome possa não dizer grande coisa à nossa visão eurocêntrica da história, Timur foi um dos mais brutais e geniais líderes da Ásia, tendo agregado um vastíssimo território que englobava toda a Ásia Central, Pérsia, Cáucaso, parte do Médio Oriente, parte da Ásia do Sul (Paquistão e até o norte da Índia) e até parte da actual Turquia. Uma façanha (e metodologia de guerra) muitas vezes comparada à do lendário Gengis Khan, de quem Timur se dizia herdeiro! De resto, e para saberes mais sobre a vida deste Imperador e a forma como ajudou a desenvolver o Uzbequistão – o homem era sanguinário mas era também um patrono das artes, da cultura e da ciência – recomendamos a visita ao Museu da História Timúrida (30.000 SOM), situado nas imediações da praça. Para o final do teu primeiro dia no país, guardámos um dos poucos edifícios antigos a escapar incólume à destruição do terramoto: o Teatro Navoi. Considerado a principal casa de espectáculos da cidade, e também a mais clássica, podes aproveitar e assistir a uma performance de ballet ou ópera por preços irrisórios (lugares mais baratos a partir de 20.000 SOM).
Resumo do 1º dia:
Despertando ainda em Tashkent, vais querer levantar-te o mais cedo possível e arrepiar caminho até Samarcanda, considerada a grande joia turística do Uzbequistão. Não é para menos, já que a segunda maior cidade do país é um verdadeiro museu a céu-aberto, composto por monumento atrás de monumento, onde brilham as gigantescas cúpulas em azulejo dos mausoléus, os minaretes das mesquitas históricas e alguma da arquitectura mais fotogénica que alguma vez verás. Um destino sublime, e provavelmente a cidade mais impressionante de toda a Rota da Seda, ou não fosse esta a antiga capital do riquíssimo Império Timúrida de que falámos acima! Para lá chegares, e até numa lógica de poupança de tempo, recomendamos que apanhes o ultramoderno comboio Afrosiyob, que liga Tashkent a Samarcanda em apenas 2 horas (mais informações na secção de transportes). Chegado à cidade, e já depois de pousares as trouxas no teu alojamento, vais começar a exploração na extraordinária necrópole de Shah-i-Zinda (30.000 SOM). Originalmente criado há mais de 1000 anos, foram cada vez mais as figuras históricas a terem os seus mausoléus construídos nesta espécie de cemitério monumental ao longo dos séculos – incluindo a própria família de Amir Timur. No entanto, não falamos de túmulos ou campas ordinárias, mas sim de verdadeiras obras-de-arte compostas por um dos melhores e mais vívidos trabalhos em azulejo de todo o mundo. Logo depois do Registan (lá chegaremos no dia seguinte), este é provavelmente o maior marco turístico de Samarcanda.
Para surpresa de muitos, Samarcanda costumava ser uma cidade com uma gigantesca e vibrante comunidade judaica, que aqui vivia e prosperava em paz com os restantes credos da cidade, com o Islão à cabeça. No auge, mais de 100.000 judeus viviam no país, tendo inclusive permanecido durante as décadas em que a cidade fez parte da União Soviética. No entanto, com a queda da superpotência e a independência do Uzbequistão, a esmagadora maioria optou por imigrar para Israel, deixando para trás o legado da sua história. Embora não tenha sobrado grande coisa, continuam a funcionar algumas sinagogas no antigo quarteirão judaico de Samarcanda, das quais se destaca a Sinagoga Gumbaz, 1 km a sul de Shah-i-Zinda. Daqui, retomarás o teu percurso na direcção norte até chegares ao Museu Afrasiyab (22.000 SOM), um proeminente local arqueológico onde repousam os vestígios da cidade de Afrasiyab, um importante povoado persa controlado pela civilização Sogdiana. De resto, este povo foi responsável por grande parte do desenvolvimento da Rota da Seda em território Uzbeque, até à chegada dos devastadores mongóis de Gengis Khan que, como sempre, arrasaram com o que encontraram. Agora, é possível explorar o local e visitar o museu adjacente, onde estão expostas as peças recuperadas nas escavações. Não muito longe do local, vale também a pena o desvio até ao Mausoléu de Khoja Daniyar, um local sagrado onde repousa o Profeta Daniel, reconhecido nas 3 religiões Abraâmicas. Reza a lenda que, mesmo após a sua morte, Daniel continuou a crescer, razão pela qual o seu sarcófago vai sendo estendido de tempos em tempos. O tamanho actual? Nada menos que 18 metros! Para fechar, e passando da religião à ciência, a última paragem do dia será feita no Observatório de Ulugbek (40.000 SOM), um local onde as grandes mentes astrónomas do mundo islâmico vinham observar os astros e discutir teorias. Agora, foi convertido num museu (o edifício é belíssimo), onde podes entrar num modelo do observatório original e obter mais informações acerca das descobertas que aqui foram feitas… mais de 2 séculos antes do aparecimento do telescópio!
Resumo do 2º dia:
Depois de um dia mais apressado pela viagem de comboio e sobretudo dedicado às atracções mais periféricas de Samarcanda (com excepção de Shah-i-Zinda), hoje irás descobrir de forma definitiva o porquê do estatuto lendário desta cidade! Assim sendo, nada melhor que principiar com um saltinho até ao Gur-e-Amir (10.000 SOM), o nome local dado ao majestoso mausoléu de Timur, o icónico imperador. De resto, este é o mais espectacular mausoléu de todo o Uzbequistão, já de si um país com uma aparentemente infindável colecção de cemitérios, necrópoles e sarcófagos capazes de espantar o mais veterano dos viajantes. Poderia ser de outra forma? Afinal, falamos do maior herói nacional do Uzbequistão e de um dos mais poderosos governantes de toda a Ásia, pelo que toda a pompa e circunstância foi requisitada. Fun fact: foi o estilo deste magnífico edifício que acabaria por inspirar o lendário Taj Mahal (na Índia), uma das Sete Maravilhas do Mundo! No entanto, o grande ponto alto de Samarcanda vai ainda mais além do mausoléu de Timur. Considerada a grande atracção turística do Uzbequistão e de toda a Ásia Central, bem como uma das praças mais bonitas do mundo, este é – enfim – o tão aguardado momento de visitar o Registan. Um grande complexo arquitectónico formado por alguns dos edifícios mais bonitos e intrincados da história da Humanidade (com “H” maiúsculo), este é provavelmente o local que te trouxe ao Uzbequistão, já que é quase certo que é a imagem desta praça que aparece quando pesquisas o que quer que seja que esteja relacionado com o turismo e história do país.
Historicamente, este era o coração do grande império de Timur, e espelhava bem o papel da fé e da educação no desenvolvimento do mesmo, já que a praça é flanqueada por três monumentais escolas islâmicas: a Madraça Sher-Dor, a Madraça Tilya-Kori e a Madraça Ulugbek. Se por fora as madraças são esplendorosas, por dentro conseguem ser ainda melhores, com interiores que parecem ter sido feitos com tecnologia e métodos dos tempos modernos. De resto, esta é uma particularidade deste tipo de arquitectura (que também pode ser encontrado no Irão, por exemplo), em que cada detalhe interior e exterior – com recurso a azulejo, tinta, vidro e ouro – parece pensado ao pormenor. Fica a dica: ao visitares o Uzbequistão, nunca percas a oportunidade de entrar num monumento antigo – vale sempre a pena! Resta mencionar que, apesar de ser um local exterior, é necessário pagar para aceder à praça. O bilhete, que tem o custo actual de 50.000 SOM, garante também o acesso a todas as madraças. Posto isto, e se é difícil voltar a ficar impressionado depois de visitares o Registan, pelo menos podes sempre voltar a consolar as vistinhas na deslumbrante Mesquita Bibi Khanym (25.000 SOM). Erigida por Timur em homenagem à sua esposa, esta mesquita completa, em conjunto com o Registan, o Gur-e-Amir e o Shah-i-Zinda, o “quarteto fantástico” de locais absolutamente imperdíveis de Samarcanda. Por fim, vais visitar o Bazar Siyob, considerado o principal mercado da cidade, antes de te despedires de Samarcanda com uma visita ao Túmulo do Presidente (20.000 SOM). A queda da União Soviética trouxe uma colecção de ditadores particularmente excêntricos ao leme dos governos das novas repúblicas independentes, e o Uzbequistão não foi excepção! No caso Uzbeque, o cromo foi Islam Karimov, que governou o país até à sua morte, em 2016. No entanto, as tropelias do nosso amigo Karimov não se ficaram pelas suas acções em vida, já que o presidente ordenou a construção deste mausoléu, a imitar o estilo antigo e monumental do Império Timúrida, onde o seu corpo pudesse repousar e receber visitas para a eternidade. Ali, no coração do antigo império, não muito longe dos túmulos das maiores figuras históricas da nação (como o próprio Timur). Um verdadeiro megalómano!
Resumo do 3º dia:
Após mais uma noite em Samarcanda, irás despertar com as galinhas e apanhar o comboio (de preferência o Afrosiyob, com a duração de 1h45) até Bukhara, outra das paragens clássicas da Rota da Seda. De resto, e apesar de Samarcanda ter os monumentos mais conhecidos, muitos viajantes preferem a tranquilidade e atmosfera de Bukhara ou Khiva. Ao passo que a segunda maior cidade do Uzbequistão é relativamente grande e moderna, com as construções monumentais a surgirem pelo meio dos prédios descaracterizados e sem um centro histórico estabelecido, Bukhara tem uma Cidade Velha bem demarcada, onde praticamente todas as ruas e construções datam de há vários séculos. Um sítio bem mais agradável de percorrer, especialmente para quem não quiser andar simplesmente a saltar de atracção em atracção. Posto isto, e já depois de completares o check-in, irás passar o dia inteiro a explorar o extraordinário coração histórico de Bukhara, começando com o Mausoléu de Ismail Samani (10.000 SOM), um edifício histórico onde estão sepultados vários membros da família real do Império Samânida, cuja capital foi estabelecida precisamente em Bukhara. Oficialmente, este é também o edifício mais antigo de toda a cidade! Entrando oficialmente no centro histórico, irás imediatamente dar de caras com a Arca de Bukhara (40.000 SOM), uma cidadela onde viviam os governantes da cidade. No interior, podes visitar um museu de história e uma mesquita antiga, embora as vistas do exterior da fortaleza sejam por si só impressionantes.
No entanto, o grande destaque de Bukhara pode ser encontrado uns quantos minutos mais a este, sob a forma da deslumbrante Po-i-Kalyan, a principal praça histórica da cidade. De resto, este local está para Bukhara como o Registan está para Samarcanda, com quase todo o material promocional da cidade a destacar este ponto turístico. Também aqui, os edifícios ornamentados que flanqueiam a praça são todos de natureza religiosa: a Mesquita Kalon (15.000 SOM), o principal local de culto de Bukhara; a Madraça Mir-i-Arab, uma escola islâmica com mais de 500 anos; e, num plano secundário, a bem mais recente (1915) Madraça Amir Olim Khan. No entanto, o marco mais emblemático da praça é mesmo o Minarete Kalon, a imponente torre que se ergue no centro do espaço. Reza a história que o minarete impressionou de tal forma Gengis Khan, que o líder do Império Mongol solicitou especificamente que não fosse destruído! Numa nota bem menos salubre, resta mencionar que a torre era utilizada como método de execução, com os criminosos mais violentos a serem atirados do topo dos seus 48 metros. Praticamente junto ao complexo monumental, não deixes de visitar as outras duas madraças mais belas e importantes da cidade. Construídas precisamente em frente uma da outra, podes começar por entrar na Madraça Ulugbek, uma escola que atraía poetas, cientistas e astrónomos de todo o mundo islâmico, antes de atravessares a praça e entrares na Madraça Abdulaziz Khan (15.000 SOM), entretanto convertida num mercado de souvenirs. Em ambos os casos, a arquitectura é de uma imponência digna de nota.
Depois de vistos os monumentos mais emblemáticos de Bukhara, é tempo de te deixares perder nas ruas, pracetas e vielas da Cidade Velha, onde todos os cafés e restaurantes parecem saídos de “As Mil e Uma Noites” e cada recanto foi transformado num bazar improvisado. Aliás, e já que falamos de bazares, vale a pena percorrer as Trading Domes (qualquer coisa como “Cúpulas Comerciais”, em português), um conjunto de 4 construções antigas em forma de cúpula com diferentes lojinhas e bancas. Normalmente, cada Dome está associada a uma arte ou tipo específico de produto. Também nesta parte da cidade, é possível encontrar alguns hamames, o nome dado aos banhos tradicionais árabes. Se quiseres experimentar os rituais de limpeza medievais dentro de edifícios com centenas de anos, recomendamos a visita ao Hammam Bozori Kord, onde o pacote de banho com massagem (total de 1h10) está disponível a partir de 200.000 SOM. Uma vez que não te sobrará grande tempo para mais, vais acelerar o passo e fazer um pouco de “people-watching” na Praça Lyabi-Hauz, um dos principais locais de convívio da cidade, antes de fechares esta etapa na Chor Minor, uma misteriosa construção com 4 torres cujo propósito é ainda hoje desconhecido. No entanto, a teoria mais balada é de que trataria de um portão para uma mesquita histórica, entretanto destruída, sobrando apenas a Chor Minor como derradeiro legado.
Resumo do 4º dia:
Uma vez que terás ainda pela frente a longa e dura jornada até Khiva, paragem final deste roteiro, quisemos dar-te um dia extra em Bukhara para esticares as pernas e desacelerares. Embora o principal já tenha sido visitado, a cidade tem um conjunto bastante decente de atracções históricas na sua periferia, sendo que o melhor passará por negociares um táxi para o dia inteiro que te possa levar a visitar todos este locais. Uma vez que não terás como fugir do “preço para turista”, e já bem negociadinho, conta com uns 200.000 a 250.000 SOM, contemplando já as viagens + tempo de espera. Alternativamente, podes tentar usar a Yandex – a Uber lá do sítio – para cada viagem individual. Será mais barato, mas corres o risco de não encontrar um carro de serviço tão longe do centro (ou de teres que esperar uma eternidade). Independentemente do que escolhas, e estando a logística tratada, o primeiro ponto a visitar será a Casa Fayzulla Khujayev (40.000 SOM), uma residência aristocrática pertencente a um dos antigos líderes de Bukhara. No entanto, mais do que a história da família ou da classe política local, impressiona a arquitectura do palacete e a forma como se adapta às tradições culturais uzbeques e islâmicas.
Já bem fora do centro da cidade, segue-se a paragem no Complexo-Memorial Chor Bakhr (40.000 SOM), uma enorme necrópole onde repousam os corpos de uma dinastia inteira de líderes religiosos de Bukhara, descendentes directos do Profeta Maomé. Conhecida como a “Cidade dos Mortos”, o complexo é mais um dos muitos tesouros arquitectónicos do Uzbequistão, com 25 edifícios históricos, jardins e pátios interligados ao longo do complexo. Um sítio que vale bem o desvio, já que a própria UNESCO o reconheceu como Património da Humanidade! De volta ao táxi, irás agora dirigir-te para norte de Bukhara, onde encontrarás o Palácio Sitorai Mokhi-Khosa (40.000 SOM), também conhecido como o Palácio de Verão do Emir. O nome é bastante auto-explicativo, já que este foi o palácio de férias do último governante de Bukhara, tendo sido construído por arquitectos russos em nos anos 10 do século passado. Aliás, a influência europeia é gritante, com o palácio a misturar elementos orientais e ocidentais, fazendo deste um dos segredos mais bem escondidos de Bukhara! Finalmente, e antes do derradeiro trajecto de regresso ao centro da cidade (no total, percorrerás cerca de 50 km), vais despedir-te de Bukhara com uma visita ao Mausoléu de Bakhautdin Naqsband, o fundador de uma das mais importantes ordens sufistas (uma corrente do Islão) do mundo. Embora seja um importante local de peregrinação para seguidores do Sufismo, para o turista comum o principal atractivo é mesmo a arquitectura monumental do complexo.
Resumo do 5º dia:
“Grandes conquistas exigem grandes esforços”… é bom que tenhas isto em mente ao longo do dia de hoje, porque bem vais ter que penar para chegar a Khiva! Ali bem junto à fronteira com o Turquemenistão, Khiva fica a 400 km de Bukhara, mas as estradas velhas e os lentíssimos comboios soviéticos (o Afrosiyob não chega a estas bandas), farão com que tenhas pela frente uma viagem de 6h30 que te ocupará grande parte do dia.
Chato, mas necessário – como poderás já a seguir!
Resumo do 6º dia:
Depois de uma viagem tão longa e de uma boa noite de sono, vais estar fresquinho para explorar Khiva, a derradeira parada na tua aventura pela Rota da Seda. Embora originalmente nem todos os visitantes estivessem dispostos a fazer o desvio de várias horas para explorar esta pequena localidade, a verdade é que as redes sociais e os blogs de viagem foram fazendo o seu caminho e em muito contribuíram para ajudar a tornar Khiva num ponto de visita absolutamente imperdível. Embora bem mais pequena que Bukhara ou Samarcanda, Khiva é um verdadeiro tesourinho esquecido no meio do deserto e – se me permitem – um dos sítios mais bonitos e atmosféricos que os meus olhos já viram. Assim, o teu dia será passado na Itchan Kala, o território muralhado correspondente à Cidade Velha. Para além de ser o sítio mais místico e pitoresco do país, é também o único centro histórico onde não é permitida a circulação de carros ou motos, resultando num autêntico museu a céu-aberto onde, não fossem as roupas e trejeitos modernos, poderia perfeitamente assemelhar-se ao que encontrarias se voltasses séculos atrás no tempo. Importa também referir que, tecnicamente, a entrada nas muralhas da Itchan Kala é paga, embora a inspecção seja difícil. Uma vez que existem vários portões de acesso, é virtualmente impossível monitorizar a entrada de toda a gente, bastando ignorar as entradas principais e escolher uma das secundárias. Por outro lado, se reservares alojamento dentro da Cidade Velha, tecnicamente não precisas de pagar bilhete de entrada. Seja como for, e oficialmente, o bilhete simples de acesso custa 50.000 SOM, sendo que podes ainda optar pelo bilhete VIP de 150.000 SOM que inclui o acesso a todas as atracções pagas dentro do centro histórico. Em ambos os casos, os ingressos são válidos por 2 dias.
Uma vez dentro das muralhas, e embora o melhor seja mesmo vaguear sem rumo, não faltam locais merecedores de uma visita. Imediatamente junto à entrada principal, no Western Gate, vais dar de caras com o peculiar Minarete Kalta Minor, considerado o maior símbolo da pequena cidade. Aquando do início da sua construção, o governante local havia planeado o maior e mais extraordinário minarete da região, mas quis o destino que o homem morresse em batalha, com a construção a ficar por cerca de 1/3 (29 metros) do plano original. Seja como for, a comunidade local juntou-se para dar brilho ao minarete inacabado, cobrindo-o de vibrantes azulejos azuis e dando-lhe o brilho que ainda hoje, 170 anos depois, continua a atrair visitantes de câmara em riste. Adjacente ao minarete, podes também dar uma vista de olhos na Madraça Mohammed Amin Khan, entretanto convertida num hotel de luxo. No flanco oposto do portão, é também obrigatória a visita à Arca de Kuhna, uma pequena cidadela onde viviam os Khans de Khiva, com a nobreza, o clero e os grandes mercadores a viverem no resto da Itchan Kala, ao passo que a população “normal” residia fora das muralhas. Dentro da arca, podes visitar o antigo palácio, uma mesquita, o harém e até mesmo as masmorras/prisão, bem como subir à torre de vigia para uma das vistas mais emblemáticas de Khiva. De volta ao exterior, e prosseguindo pela rua principal, irás interromper o percurso a meio para visitar a Mesquita Juma, famosa pelos seus mais de 200 pilares em madeira, antes de chegares ao fim da via nos bazares improvisados montados no largo em frente à Mesquita Ak e à Madraça Allakuli Khan.
Aventurando-te depois pelas ruas estreitas e vielas secundárias, é altura de subires ao topo do Minarete Islam Khoja, o miradouro mais famoso de Khiva e um dos seus pontos imperdíveis. A vista – como seria de esperar – não podia ser melhor, com as cúpulas ornamentais e coloridas a destacarem-se do tom homogéneo dos edifícios históricos. Praticamente ao lado do minarete, segue-se a entrada no deslumbrante Mausoléu de Pahlavan Mahmoud, onde repousa o corpo do poeta e lutador que é um dos filhos mais ilustres de Khiva, e lar dos interiores mais bonitos da cidade. Um sítio capaz de ombrear com os halls, mesquitas, palácios e túmulos mais mirabolantes de Samarcanda. Já com o pôr-do-sol a aproximar-se a passos largos, terás ainda tempo de visitar o Palácio Tash-Khauli, um complexo monumental do século XIX com mais de 150 salas e inúmeros terraços comuns interligados através de um conjunto labiríntico de corredores escondidos, antes de te despedires do Uzbequistão com um passeio pelas Muralhas de Khiva. Com acesso directo junto ao Portão Norte, este trecho da muralha permite-te caminhar durante algumas centenas de metro e desfrutares de mais uma excelente vista sobre Itchan Kala.
Resumo do 7º dia:
Quis o destino que o último dia deste périplo seja também o pior de todos. À falta de aeroportos internacionais com ligações decentes nas proximidades de Khiva, terás agora que fazer o caminho das pedras e regressar até Tashkent, a praticamente 1000 km de distância. Sem surpresa, esta será uma empreitada que ocupará o dia inteiro, já que a viagem de comboio levará umas monstruosas 15h00. Quanto ao autocarro – e falando por experiência própria – o melhor é nem sequer considerar a opção, já que a viagem é ainda mais longa e infinitamente menos confortável.
A alternativa, conforme explicado na secção de transportes, poderá passar por apanhar um voo interno de apenas 1h30 a partir da cidade vizinha de Urgench com a Uzbekistan Airways (preços a partir dos €40,00). Se optares por esta via, podes até cortar um dia a este itinerário e completar a visita ao Uzbequistão em 7 dias. Seja como for, prometemos que esta será uma experiência memorável!
Resumo do 8º dia:
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