Isfahan, o Irão do meu imaginário 🇮🇷

  • 18.04.2023 22:55
  • Bruno A.

Na continuidade das suas aventuras pelo Irão, o nosso editor leva-nos desta feita à magnífica cidade de Isfahan, o seu destino favorito em terras Persas. Digna de todos os impérios que por lá passaram, a antiga capital histórica do país figura entre as cidades mais belas e impactantes do mundo. Um local de paragem obrigatória.

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Poucos países existirão com uma percepção tão díspar entre o imaginário de quem nunca lá foi e o de quem sonha lá ir. Para a generalidade da população, o Irão é uma terra de extremismos religiosos, conflito constante e cidades semi-destruídas. É parte de um bolo alimentar indigesto, numa região do globo onde todos os países são agrupados na mesma categoria, apesar de muitas das vezes não partilharem sequer língua, cultura ou etnia.

No entanto, para quem, como eu, tem (ou tinha) o Irão no radar, a imagem projectada do país é bem diferente. Afinal, o Irão é o berço de várias civilizações milenares. Terra de vários impérios persas, dos Aqueménidas aos Safávidas, passando pelos Sassânidas ou pela dinastia Pahlavi, casa do último Xá do Irão. Por aqui reinaram Xerxes (o vilão de “300”, para os mais distraídos), Abbas ou Ciro, o “Pai” da civilização persa. Por aqui passaram, pilharam, conquistaram e mataram – os verbos utilizados dependem daqueles a quem perguntem – personagens tão emblemáticas quanto aterrorizadoras, como Genghis Khan, Timur ou Alexandre, o Grande.

Das ruínas de Persépolis e Pasárgada aos verdadeiros museus a céu aberto que são cidades como Kashan, Yazd ou Shiraz, o Irão é, do ponto de vista estético, cultural e histórico, uma nação difícil de igualar. Onde outros imaginam silêncio e sobriedade, eu idealizava quarteirões antigos e movimentados, totalmente tomados por gigantescos bazares de rua. Onde outros imaginam cinza e desolação, eu idealizava os palácios e mesquitas mais majestosos que alguma vez veria. Onde outros imaginam homens austeros de barbas compridas e senhoras cobertas da cabeça aos pés, eu idealizava famílias e grupos de amigos em convívio, num glorioso desafio a um governo de que ninguém gosta ou respeita.

A seu tempo, outra crónica virá sobre as minhas expectativas desajustadas do Irão. No entanto, se há sítio no país que correspondeu praticamente na íntegra ao meu imaginário do Irão, foi a extraordinária cidade de Isfahan. Não surpreende. Afinal, num país com tanto para ver e fazer, Isfahan, a segunda maior e mais importante cidade, permanece intacta como a joia da coroa do turismo iraniano. Tudo aqui é monumental.

Por 20€/noite, fico alojado no hotel tradicional mais antigo da cidade, em pleno bazar. A idade já se faz sentir, mas o que lhe pode faltar em modernidade e conveniência, sobra-lhe em charme. Saio directamente para as ruas movimentadas do mercado, onde parece reinar um aparente caos organizado. Como é habitual em qualquer mercado iraniano, aqui podes encontrar de tudo um pouco. Especiarias, carpetes e roupas partilham o espaço com lojas de doces e salgadinhos antigos. Os mesmos snacks que a malta de 40 e 50 anos comia na sua infância – chamam-lhe “nostalgie”. Pelo meio, a habitual secção do ouro e as “lojas” de câmbio informais. Por força das sanções, não é possível utilizar cartões convencionais no Irão, uma vez que as redes Visa ou Mastercard não podem operar no país. Como tal, o mercado negro é extremamente popular, oferecendo taxas de câmbio até 25% mais favoráveis face ao rating oficial.

Pelo meio, vou explorando as saídas e vielas, descobrindo antigos hammams e caravanserais. Um pouco a norte, tento visitar algumas sinagogas do antigo quarteirão judaico, onde uma prominente comunidade viveu durante centenas de anos. Agora, restam apenas cerca de 1000 judeus em Isfahan, e por isso as sinagogas abrem apenas em dias especiais. Hoje, não é um desses dias. Pelo contrário, uns quantos quilómetros a sul, na outra margem do rio, é possível visitar um dos poucos locais de culto não-islâmicos em todo o Irão. No coração de Nova Julfa, o quarteirão Arménio de Isfahan, a Catedral de Vank está aberta a visitantes diariamente. Os interiores são impressionantes e numa realidade completamente aparte do que se espera encontrar neste país.

No entanto, e por mais fascinantes que estes quarteirões minoritários possam ser, Isfahan é o tipo de local espampanante onde a beleza te entra pelos olhos dentro. Está nos detalhes também, sim, mas é acima de tudo uma cidade com uma aura imperial. Uma Viena (ou São Petersburgo) do Oriente, onde quase tudo é uma aparente obra de arte. No centro deste cosmo está a inigualável Naqsh-e Jahan, uma das maiores e mais belas praças do mundo. Entre o bazar, os jardins, as arcadas comerciais e os cafés panorâmicos, mesquitas históricas ou palácios que a rodeiam, poderia facilmente passar o dia inteiro só neste local. Olho em redor e quase preciso de me beliscar para garantir que estou mesmo aqui. Confesso que perdi a conta às imagens que vi deste sítio e aos dias a antecipar a minha visita. Tiro um pedacinho para não fazer absolutamente nada. Sento-me num dos muitos bancos de jardim e fico ali, enquanto calmamente contemplo o mundo a girar à minha volta. Naquele momento, corpo, mente e espírito estão em perfeita sintonia, e sou automaticamente transportado para o meu imaginário do Irão. O único local, quiçá, que conseguiu corresponder às minhas estúpidas e irrealistas expectativas.

Sento-me junto à Ponte Si-So-Pol, a mais bela da cidade, e fico a ver o sol lentamente desaparecer enquanto as águas correm. Até o Rio Zayandeh Rud, completamente seco há muitas dezenas de meses, apareceu para me brindar. Dizem-me que choveu na cidade pela primeira vez em 5 anos, e que por isso o caudal voltou a decalcar as margens. Ao mesmo tempo, um grupo de locais junta-se debaixo da ponte a cantarolar músicas folclóricas iranianas, uma tradição local das noites de 6a feira. Mas é 2a feira à tarde, e a sorte voltou a bater-me à porta. Felizmente, há dias assim. Momentos em que os astros se alinham e o universo conspira em nosso favor. Momentos em que o nosso imaginário, por menos credível que seja, se alinha com a realidade.

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