A beleza está nos bolsos de quem a vende 🇻🇳

  • 13.05.2025 21:40
  • Bruno A.

Na sua mais recente crónica, a sua última por terras Vietnamitas, o nosso editor reflecte sobre a forma como as percepções de beleza foram uniformizadas um pouco por todo o mundo. O que parece um simples elogio, pode por vezes esconder um problema muito mais complexo.

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“You were from a perfect world
A world that threw me away today”
Coma White, Marilyn Manson (1998)

A manhã começa como quase todas as outras, com um passeio pelo centro da cidade. Estamos em Da Nang, uma das principais estâncias balneares do país, o céu está cinzento e o tempo mais frio que o habitual. À falta da possibilidade de ir dar um mergulho, aproveitamos as horas para ficar a conhecer a cidade. Da Nang não nos caiu propriamente no goto, com o seu ar moderno e descaracterizado, não oferece propriamente uma experiência “premium” no que toca a atracções culturais. É uma excelente base para explorar outros locais conhecidos do centro do Vietname – como Hoi An, Hue, My Son ou as Marble Mountains – mas deixa muito a desejar em praticamente tudo o resto.

Seja como for, a nossa voltinha matinal leva-nos ao inevitável Mercado de Da Nang (confirmar nome), principal bazar da cidade. Quando chegamos, somos brindados com a azáfama habitual das centenas de banquinhas que, lado a lado, vão vendendo de tudo um pouco. Lentamente, também nos fomos habituando à celeuma do costume sempre que um local repara no Oliver. Todos os dias, sem excepção, somos interpelados por locais, homens e mulheres de todas as idades, que ficam contentes por ver um bebé tão pequenino a viajar no seu país. Aqui, não foi excepção.

Banca sim, banca não, as vendedoras aproximam-se para falar com o Oliver, dar-lhe um miminho e proferir a expressão que provavelmente mais ouvimos no mês que por aqui passámos: “so cute”! Aquilo que parecia, inicialmente, uma experiência inócua e uma mera cortesia, revelou-se, depois de uma análise mais atenta, bastante mais complexo. De forma frequente, e isto é algo que se mantém desde que entrámos na China, começámos a reparar que muitos dos elogios se centram numa parte específica do corpo do bebé. Várias vezes, os sorrisos e carinhos vêm acompanhados de uma certa admiração pelo formato dos olhos do meu filho, grandes e redondos como o dos ocidentais, em contraposição ao olhar rasgado dos nativos.

Isto levou-me a pensar na forma como os padrões de beleza, mutáveis ao longo das gerações e das regiões do mundo, encontraram a sua uniformização no altar da globalização. Infelizmente para os povos de outras cores, formatos e características, foi o Ocidente a vencer a batalha pela hegemonia da moda, do entretenimento e da pop-culture, e estamos longe de saber de que forma as campanhas publicitárias globais, durante décadas pejadas dos rostos de Hollywood, deixaram a sua marca naquilo que povos de todo planeta consideram “bonito”.

De resto, não é preciso perder grande tempo para encontrar estudos e casos práticos que corroboram este parecer. Um pouco por todo o mundo, Vietname incluído, existem inúmeros casos de pessoas (especialmente mulheres) que alteram os seus rostos e corpos na tentativa de ocidentalizarem a sua imagem. Essa é uma das razões pela qual os procedimentos de clareamento de pele são tão populares na Índia, e as intervenções estéticas para tornar os olhos maiores continuam com enorme procura na Coreia do Sul – só para citar dois exemplos.

Felizmente – e sem querer soar muito “woke” – a sociedade está a caminhar num sentido em que a representatividade importa, e essa é uma rota sem retorno. É importante que crianças Vietnamitas cresçam com padrões e ideais de beleza que correspondam aos traços étnicos com que nascem, sem que tenham que se resignar à ideia de que a única imagem bonita é a do estrangeiro loiro, alto e de olhos azuis.

Num mundo onde cada vez mais somos expostos a imagens altamente manipuladas, filtros difíceis de detetar, e imagens curadas de TUDO, saber ver beleza e reconhecê-la na vida real é uma arte, arte essa cada vez mais em vias de extinção.

O meu filho é bonito, mas o teu também.

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